São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Alemanha põe 30 mil para escoltar trens

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DE COLÔNIA

Na maior operação policial do pós-guerra, a Alemanha mobilizou 30 mil homens para garantir a segurança de um carregamento de lixo atômico que atravessará o país nos próximos dias.
No ano passado, 81 transferências de material radioativo aconteceram entre Alemanha, Reino Unido e França. Os protestos também são frequentes. Em maio de 1996, outro transporte para Gorleben só foi realizado graças à presença de 19 mil policiais.
Para piorar, no último dia 4 de fevereiro, um trem carregando lixo atômico descarrilou na região de Lorraine, próximo à fronteira entre França e Alemanha.
O fato serviu de subsídio para o protesto dos ambientalistas e de membros do Partido Verde. Mesmo assim, o governo decidiu manter o transporte programado.
O comboio é formado por oito contêineres especiais, vindos de usinas na Alemanha e na França. À prova de sabotagens e acidentes, segundo o fabricante, suas paredes têm 40 centímetros de espessura e são feitas de um composto de ferro, aço e alumínio. Cada um custa quase US$ 1 milhão.
Para a ministra alemã do Meio Ambiente, Angela Merckel, o dispositivo não permite nenhum vazamento de radioatividade. Mas, para os ambientalistas, a eficiência do aparelho não é a grande questão.
O problema é a própria energia nuclear, que o governo defende ser absolutamente necessária.
Mais de cem ativistas foram presos ontem pela polícia, quatro deles após jogarem pedras no comboio. No geral, porém, a manifestação foi pacífica.
Cerca de mil pessoas se reuniram na frente de uma das usinas alemãs. Outras mil fizeram manifestação em Gorleben, destino do comboio, onde existe um depósito temporário de material radioativo.
Em uma escola da região, onde policiais passariam a noite, 200 estudantes prometeram não deixar o local para não permitir o pernoite dos agentes.
Para o fim-de-semana, espera-se que mais de 10 mil pessoas alcancem a região, o que pode fazer com que o governo decida retardar a partida do trem no sul do país.
A partir de segunda-feira, teoricamente, o número de manifestantes seria menor.

O jornalista José Henrique Mariante está na Alemanha como bolsista do IJP (Internationale Journalisten-Programme)

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