São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ramos pode estar por trás de fantasmas

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios está investigando as conexões entre o ex-coordenador da Dívida Pública do município de São Paulo Wagner Baptista Ramos e cinco empresas fantasmas que receberam R$ 40,523 milhões de instituições financeiras investigadas.
Essa apuração é coordenada pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP). "Ele está por trás dessas empresas. Tudo o que se mexe nessa área tem relação com Wagner", disse o senador pefelista.
As empresas fantasmas são a SMJT Assessoria Empresarial, a Sabra Factoring, a Hannover Comércio e Representações, a CQJR Distribuidora e a Ianes Representações.
Os R$ 40,523 milhões foram pagos pela corretora Perfil e pela Tradetronic Eletrônica, conforme levantamento da comissão.
A CPI acredita que Ramos é o maior responsável pela Perfil, que ficou com R$ 36,661 milhões em comissões relativas às negociações com títulos de Pernambuco e Santa Catarina. A empresa recebeu também R$ 4,542 milhões em títulos alagoanos.
A partir dessa suposição, a CPI desconfia que Ramos orientou a Perfil a repassar recursos para as empresas fantasmas (que podem ser dele). O maior repasse (R$ 26,236 milhões) foi feito à Ianes.
No seu depoimento à CPI, Ramos declarou ter recebido R$ 150 mil, relativos a uma consultoria prestada à Perfil na operação com títulos de Pernambuco.
As investigações já feitas pela Polícia Federal comprovaram que as empresas investigadas são mesmo de fachada.
Os escritórios da SMJT e da Sabra não foram encontrados. O endereço da Hannover em Santos não confere, e a PF está procurando a sede da empresa em Fortaleza. A CQJR não existe mais, e a Ianes não chegou a ser formalizada, segundo o senador Romeu Tuma.
Dimensão
Em outra investigação da PF, a primeira análise no lote de aproximadamente 200 cheques da IBF Factoring recolhidos no Banco Dimensão aponta que a maioria possui anotações no verso indicando que foram destinados a doleiros.
Segundo Romeu Tuma, os cheques com anotações no verso serão rastreados prioritariamente, pois a CPI quer saber qual o destino dado aos recursos recebidos pelos doleiros beneficiados pelo esquema.
A conta da IBF no Dimensão movimentou R$ 123 milhões em lucros obtidos pelas corretoras Perfil, Ativação, Split e Negocial em operações com títulos públicos estaduais e municipais.
Esse lucro foi obtido porque os papéis foram comprados com grande deságio dos Estados e municípios, sendo revendidos em operações consecutivas no mercado secundário por um preço mais elevado.

Texto Anterior: Perfil e Negocial trabalhavam juntas
Próximo Texto: Tuma vai aos EUA pedir bloqueio de conta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.