São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Sinfônica do Estado de SP terá sede própria

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) terá como sede permanente, a partir de outubro, uma sala de concertos de 1.600 lugares, a ser montada no saguão da atual estação Júlio Prestes.
O projeto de reforma da antiga estação ferroviária, localizada no centro da cidade, será anunciado na próxima terça-feira, quando a Osesp abre sua temporada de 1997, sob a direção de John Neschling.
Neschling, 49, brasileiro nascido no Rio, substitui Eleazar de Carvalho, que morreu no ano passado depois de 23 anos à frente daquele conjunto sinfônico estadual.
O secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça, disse segunda-feira à Folha que outros projetos na área da música sinfônica estarão maduros para serem revelados nestes próximos dias.
Um deles será a reforma do auditório Simon Bolivar, no Memorial da América Latina, de modo a lhe dar condições acústicas para que orquestras e solistas líricos possam se apresentar sem a necessidade de som amplificado.
Um outro será a restauração do teatro São Pedro, que também receberá tratamento acústico necessário para abrigar solistas de música erudita.
As três obras -Júlio Prestes, Memorial e São Pedro- estão sendo projetadas por técnicos da Artec, grupo norte-americano de projetos em engenharia acústica.
Mendonça não quis adiantar o custo do projeto, dos equipamentos e da parte de construção civil.
Disse apenas que há o propósito de fazer com que, dentro de sete meses, além de três salas de concerto, os apreciadores da música também ganhem uma Osesp "completamente reformulada".
Seus 103 músicos, que hoje recebem menos de R$ 1.500 mensais, terão seus vencimentos triplicados, mas deverão se submeter a um concurso interno para se manterem em seus postos.
O concurso, a pedido dos músicos, ocorrerá só a partir de junho. Até lá, a agenda de concertos da Osesp será desacelerada. Não está prevista, por exemplo, a retomada das apresentações nas noites de segunda-feira no Memorial da América Latina.
"Os postos que não forem preenchidos internamente serão abertos numa primeira fase a um concurso nacional e numa segunda a um concurso internacional", diz Mendonça.
O plano de reestruturação da orquestra, que já havia sido discutido há dois anos entre Mendonça e Eleazar, será agora implementado pelo novo diretor musical.
Neschling pretende fazer da Osesp "um conjunto de excelência no repertório brasileiro e latino-americano". Entre seus projetos a médio prazo, está a gravação em CD de peças sinfônicas, o que só é normalmente feito quando há segurança quanto ao padrão técnico de interpretação.
Uma parte dos músicos era até agora contratada pela Fundação Padre Anchieta, outra pela ULM (Universidade Livre de Música), e alguns eram músicos de cachê.
Com a nova estrutura, diz o secretário da Cultura, a Fundação Padre Anchieta assumirá integralmente os custos da Osesp, que serão de início abastecidos por subvenções oficiais e, a seguir, por patrocínios da iniciativa privada.
Segundo Mendonça, Neschling terá seu salário patrocinado por uma empresa, a ser proximamente revelada. Além da Osesp, ele hoje dirige óperas em Saint Gallen (Suíça), Bordeaux (França) e Palermo (Itália).

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