São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997 |
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Polonês vê um Calvin Klein nazi
CELSO FIORAVANTE
A tese do artista é bem simples. E nem tão nova assim. Nas fotografias e principalmente no vídeo, Toporowicz demonstra que a estética pregada pelos anúncios de perfumes Calvin Klein reproduz os valores idealizados pela estética nazista. Fotografadas por Bruce Weber, as publicidades de Obsession, Escape e Eternity trazem corpos musculosos e ideais de beleza semelhantes aos pregados pelos nazistas. Poderia ainda ter lido o nome dos três perfumes -Obsessão, Salvação, Eternidade- como valores caros ao nazistas. Toporowicz pegou então as fotografias de Weber, geralmente alusões a um universo homoerótico, e as substitiu por monumentos nazistas, fornos de cremação, mechas de cabelos, próteses e outros objetos ligados à perseguição. O problema é que isso não é novo. Desde os anos 80, Weber tem sido apontado como clone de Leni Riefenstahl, a cineasta "programadora visual" do Terceiro Reich. Susan Sontag também escreveu sobre o argumento em "Fascinating Fascism". Hitler queria dominar o mundo com seu projeto estético de embelezamento (em 1933, assinou uma lei que obrigava a esterilização de todos os doentes com problemas hereditários). Calvin Klein também quer embelezar o mundo com suas roupas, perfumes e acessórios. Sua arma é a publicidade. O vídeo, editado de maneira muito convincente em seus cinco minutos de duração, vai além. Estabelece um paralelo entre a beleza da top model Kate Moss e a fragilidade dos corpos dos judeus. Lembra ainda a submissa Charlotte Rampling em "O Porteiro da Noite", de Liliana Cavani. (CF) Texto Anterior: Cemin vem ao Brasil com inéditas Próximo Texto: Artista remete a um mundo operário Índice |
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