São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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MAIS DÍVIDAS

Os números mais recentes divulgados pela Associação Comercial de São Paulo mostram que o endividamento continua elevado entre os consumidores. Entretanto, em termos relativos, o indicador não confirma as previsões mais pessimistas.
Afinal, o aumento no número de carnês em atraso (comparando-se fevereiro de 97 com o mesmo mês do ano anterior) ocorre ao mesmo tempo em que aumenta o volume geral de endividamento. Assim a inadimplência, em termos relativos, mostra uma tendência à estabilidade. E o número de carnês não pagos, em fevereiro, foi menor que em janeiro.
São boas notícias, que reforçam a percepção de que ocorreu uma recuperação da economia nos últimos meses. Num ambiente de reativação, a capacidade de pagamento de dívidas antigas tende obviamente a melhorar. Novas dívidas são contraídas com perspectivas melhores por parte dos consumidores. Na prática, inicia-se um novo ciclo de endividamento, em bases mais seguras.
Mas não há como esconder uma preocupação que esses mesmos números inspiram. Afinal, uma das discussões centrais entre economistas, desde o final do ano passado, diz respeito à intensidade (e possibilidade de sustentação) do movimento de reativação da economia.
Como se sabe, uma economia mais aquecida é um fator de pressão sobre as importações. Aumenta o déficit comercial, um indicador importante que tem preocupado sobretudo os investidores estrangeiros.
Parece evidente que um novo ciclo de endividamento dos consumidores confirma essa tese. O limite seguro para essa expansão, entretanto, é ainda uma questão em aberto.
Avaliando a importância relativa de haver, ao mesmo tempo, mais consumidores se endividando e também importações com tendência a crescer, o governo federal provavelmente decidirá, nas próximas semanas, se age contra uma expansão supostamente excessiva do crédito. A respeito dessa provável decisão é que ainda não se sabe se ela será, de fato, benéfica ou não para o país.

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