São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Rio 2004 fica a 50 minutos de Jogos

RÉGIS ANDAKU
ENVIADO ESPECIAL A LAUSANNE

O Rio 2004 passa hoje por seu último grande teste antes de saber se continua ou não na disputa para abrigar os primeiros Jogos Olímpicos do próximo século.
As delegações brasileira e de outros dez países terão os seus últimos 50 minutos para tentar convencer 14 delegados do Comitê Olímpico Internacional de que suas candidaturas têm condições de hospedar a maior competição esportiva do planeta.
Na história do COI, é a primeira vez que o processo de seleção é composto por duas fases distintas. O número de cidades concorrentes, 11, é recorde.
Esta é a terceira vez que o Rio tenta trazer os Jogos Olímpicos para a América do Sul, continente que nunca foi sede desse evento.
A capital fluminense perdeu a disputa para abrigar as Olimpíadas de 1936, para Berlim, na Alemanha, e de 1960, para Roma, Itália.
Em 1956, perdeu para Estocolmo, na Suécia, a oportunidade de organizar as competições de hipismo, que não puderam ser realizadas em Melbourne, na Austrália, sede oficial dos Jogos daquele ano.
Momento histórico
"Chegou a hora do Rio de Janeiro", argumenta Ronaldo Cezar Coelho, dirigente máximo do Rio 2004, o comitê que promove a candidatura brasileira.
"Respeito todas as concorrentes, mas agora tem de ser no Rio", diz Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ministro dos Esportes, o melhor jogador de futebol de todos os tempos, e a maior estrela das comitivas em Lausanne, na Suíça, local do anúncio das quatro ou cinco finalistas, amanhã.
O Rio é a nona cidade a expor hoje os seus méritos e explicar por que motivo deve ser escolhida.
Os primeiros a enfrentarem o "vestibular" são os suecos de Estocolmo. Completam a lista San Juan (Porto Rico), Cidade do Cabo (África do Sul), Istambul (Turquia), Atenas (Grécia), Buenos Aires (Argentina), San Petersburgo (Rússia), Roma (Itália), Lille (França) e Sevilha (Espanha).
Por ser um sabatina inédita, os comitês avaliam que um deslize hoje poderá ser fatal às pretensões de obter o aval do COI.
Teste
Às cidades, ontem, foi reservado um tempo para conhecer o local da avaliação. Além de Ronaldo Cezar Coelho, passaram pela sede do COI Pelé e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, que também conversarão com os delegados.
"Viemos ver o local do jogo, reconhecer o gramado", ironizou Coelho, que mais tarde admitiu um certo nervosismo com a atividade de hoje. "Vai ser um grande dia para o Brasil, para o Rio de Janeiro e para mim também."
Estrela do dia, monopolizando holofotes, câmeras e jornalistas, Pelé exibia mais descontração.
Na sua vez de testar o microfone da sala onde acontece o encontro, apresentou-se como Frank Sinatra e anunciou que iria cantar "My Way". "Tenho muito o que falar amanhã (hoje), mas eu não terei muito tempo. Meu recado, no entanto, será dado."
Improviso
Toda a exposição do grupo brasileiro já está acertada (leia texto ao lado). Ronaldo Cezar Coelho, que falará de improviso, passou parte da manhã de ontem "ensaiando" sua exposição.
Depois de se apresentar àqueles que mais tarde o questionarão, o dirigente vai reafirmar três pontos que considera essenciais para a escolha do Rio: a mobilização popular, a recuperação da auto-estima da cidade e a estabilização da economia brasileira.
Nuzman e Pelé também confessaram terem "treinado" suas falas em seus quartos no hotel onde todas as comitivas estão hospedadas.

LEIA MAIS sobre a escolha das cidades finalistas para a Olimpíada de 2004 na pág. 3-12

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