São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Túlios dão tom do contraste do Paulista

VALMIR STORTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Corinthians e Rio Branco fazem hoje uma das partidas que mostram o desnível que vem marcando os confrontos entre os cinco clubes grandes e os pequenos no Campeonato Paulista.
Nos 22 jogos que disputaram com os times do interior do Estado mais Portuguesa Santista e Juventus, os grandes conseguiram 13 vitórias e perderam apenas 1 (Guarani 3 x 2 Santos, em Campinas), fizeram 52 gols e sofreram 25.
O Guarani tem salvado a honra do interior. A equipe chega na última rodada da primeira fase com a segunda melhor campanha da competição, com 14 pontos, empatada com Palmeiras e Corinthians, mas com desvantagem nos gols marcados (Palmeiras tem 21; Guarani, 16; Corinthians, 10).
O Rio Branco, por sua vez, tem a quarta pior campanha.
Só em contratações, o Corinthians contou com um investimento de R$ 18,7 milhões, graças ao apoio do patrocinador. O Rio Branco deve gastar R$ 2 milhões, durante o ano, contando, além dos salários, os gastos com hospedagem, transporte e alimentação.
Os salários do atacante Túlio, do meia Marcelinho e do goleiro Ronaldo já cobrem as despesas mensais do Rio Branco, de R$ 350 mil.
Mesmo assim, o clube ainda quer reduzir esse gasto pela metade.
O nome Túlio é a coincidência entre Rio Branco e Corinthians.
Apesar de ambos serem atacantes, Túlio Carlos Alves, 21, vem lutando para conseguir uma vaga, pelo menos, no banco de reservas do Rio Branco.
Túlio Humberto Pereira da Costa, 27, não só é titular absoluto do Corinthians, como se dá ao luxo de jogar com a camisa número 12 -antes utilizada por goleiros reservas- para promover a campanha publicitária do patrocinador.
Quando foi contratado para o Corinthians, onde tem salário mensal declarado de R$ 150 mil, Túlio pediu à mulher que procurasse apartamentos em prédios com heliponto, para que pudesse ir ao Corinthians de helicóptero, o que já fazia no Botafogo, no Rio.
Com um salário declarado de R$ 2.000, o outro Túlio mora com três jogadores em um apartamento do clube, cerca de cinco quilômetros do clube, em Americana.
"O Túlio é famoso e pode optar onde morar. Para mim, quanto mais perto do clube melhor."
Para ir aos treinos, Túlio usa seu carro, um Monza 89, que serve de transporte também para seus companheiros de clube.
"Meu pai é caminhoneiro e, por isso, dirijo desde os oito anos. Apesar de ganhar pouco e ajudar meus pais, consegui guardar um dinheiro para realizar esse sonho."
O atacante é mineiro de Uberlândia e um típico exemplo de "jogador de um semestre", que tem passe vinculado com empresários.
"Em 95, joguei o Paulista de aspirantes pelo XV de Piracicaba e no segundo semestre voltei para Uberlândia, onde joguei em clubes amadores", afirma.
O ano seguinte parecia ser o ano do mineiro Túlio. No início de 96, o atacante foi um dos nove brasileiros a fazer teste na "Major League Soccer", a liga dos EUA.
Túlio foi escolhido pelo MetroStars, de Nova York e Nova Jersey, fez a pré-temporada em Miami, mas foi dispensado quando o clube iniciou negociações para ter o colombiano Rincón, que acabou contratado pelo Palmeiras.
"Quando o Rincón veio para o Brasil, eles me ligaram, mas eu já tinha fechado com a Lusa."
O jogador ficou três meses no clube e no segundo semestre voltou para Uberlândia.

NA TV - Bandeirantes e Record, ao vivo, às 21h

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