São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Comida, diversão e arte

CARLOS SARLI

Um dos países com a menor densidade demográfica do planeta, a Austrália vem vivendo um problema de superpopulação localizada. O surfe não pára de crescer no país, e os melhores picos para a prática do esporte nas principais cidades estão entupidos de surfistas.
Preocupado com a situação, o governo australiano está investindo para solucionar o problema. Em Perth, Sydney e Surfers Paradise, cerca de US$ 1,5 milhão está sendo gasto na construção de fundos artificiais para produção de ondas.
O objetivo é dar uma mão à mãe natureza na geração de ondas mais constantes e de melhor qualidade.
Na Flórida (EUA), existem cerca de 500 fundos artificiais desse tipo. Eles são destinados à produção de peixes e frutos do mar, sem agredir o meio ambiente. Uma prova da importância do assunto foi a realização ontem do 1º International Surfing Reef Simposium pela divisão de assuntos costeiros da Universidade de Sydney. O Brasil esteve representado pelo diretor executivo da ONG Surfrider Foundation no país, Helmo Carvalho.
Ele, que trabalha em projetos desse tipo há anos, deve voltar ao Brasil oxigenado por constatar que seus ideais, comumente desprezados por aqui, merecem estudos aprofundados por parte da comunidade internacional.
Em um país como o nosso, onde o problema populacional está associado à fome, atendimento precário em hospitais, catástrofes em habitações, a iniciativa australiana pode parecer banal. Mas com 7.408 Km de costa, uma população jovem crescente e a indústria do turismo pessimamente explorada, fica a sugestão.
Quando se fala em ondas e surfe a "inteligência" torce o nariz. Que tal falarmos em violência, tema tão discutido e festejado por "intelectuais"? Só há uma maneira de combater o problema: educação e lazer para a população jovem.

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