São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paço Imperial do Rio acolhe nove mostras

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O tradicionalíssimo prédio do Paço Imperial, que abrigou a família real portuguesa quando a corte se transferiu para o Rio em 1808, acolhe, a partir de hoje, oito exposições individuais contemporâneas de fotos e quadros e uma coletiva que têm por objetivo discutir a relação entre fotografia e arte.
A inauguração da temporada do Paço Imperial tem como linha mestra, segundo o curador Lauro Cavalcanti, "democratizar o espaço, colocar lado a lado diversas tribos" e, ao mesmo tempo, fazer com que "se estabeleça o diálogo" entre as diversas exposições.
Os 3.000 metros quadrados de área de exposição foram divididos de forma a estimular a discussão sobre "a relação da arte com a fotografia", avalia Cavalcanti.
A exposição começa com "20 Anos de Baladas", 31 fotos da norte-americana Nan Goldin. Ela retrata amigos e a si mesma sem qualquer preocupação em mascarar as situações.
São fotos que traduzem, por exemplo, romantismo mórbido ou autocomiseração crua traduzida por um auto-retrato com hematomas, consequência de uma surra que levou do namorado.
"Vamos do quase fotojornalismo de Nan Goldin, um estado mais cru da fotografia, até fotos construídas, que são quase uma instalação, de Cláudia Jaguaribe."
A exposição de Jaguaribe, "Retratos Anônimos", é feita de retratos de pessoas inexistentes. Ela funde dois ou três retratos reais para fazer uma pessoa imaginária.
Como modelos, ela utiliza desde gente famosa, como Xuxa Lopes, Arnaldo Antunes e André Lara Resende (seu marido), até anônimos.
Julieta Sobral, neta do urbanista Lúcio Costa, expõe "Os Bichos". Ela representa animais por meio de outras formas. Por exemplo: a foto de um secador de cabelos chama-se "Tamanduá'.
A transição da foto para a "arte entre aspas", segundo Cavalcanti, acontece com as fotos de Athos Bulcão, dos anos 50.
"São fotomontagens que preconizam o movimento psicodélico, a contracultura e têm muito de surrealismo", diz Cavalcanti.
Ligando as fotos aos quadros, pelo lado da pintura, estará a exposição de Adriana Maciel, "que vai descaracterizando as fotos até transformá-las em pinturas".
Pinky Wainer mostra nove pinturas inéditas, que têm como tema o vestido e o zíper. Gonçalo Ivo, que também inaugura hoje, às 20h, exposição em São Paulo, na Dan Galeria (r. Estados Unidos, 1.638, tel. 883-4600), mostra aquarelas realizadas durante viagens.
Não é só o Paço que inaugura exposições. A partir de hoje, Cláudio Paiva e Umberto Costa Barros voltam a expor (leia ficha abaixo).

Texto Anterior: Titãs fazem festa de debutante acústica
Próximo Texto: Goldin retrata a vida como ela é
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.