São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Distanciamento; Folclore; Tática; Trote; Aniversário da Folha; Distorção

Distanciamento
"Referente à reportagem publicada em 5/2: como a própria reportagem reconhece, eu estou 'afastado das funções executivas' (sic) da Metalúrgica Matarazzo desde dezembro de 1994, já não fazendo parte da direção ou do seu Conselho de Administração.
Portanto, e desde então, não detenho nenhum poder decisório em relação à empresa e, como foi longamente explanado em entrevista gravada pelo repórter, também não detenho informações sobre medidas administrativas que estejam sendo tomadas por sua direção.
Assim, não tenho orientado, influenciado ou advogado decisões tomadas por ela.
Tenho sido intransigente no distanciamento que mantenho, enquanto dirigente de uma empresa estatal, em relação à condução dos negócios de uma empresa do âmbito da iniciativa privada, bem como de qualquer outra atividade que não a que exerço hoje.
Por fim, quero salientar que as diretrizes e ética ditadas pelo governador Mário Covas impedem qualquer possibilidade de ato ou posicionamento dos membros da atual administração, na qual me incluo, que contrarie uma condução administrativa a favor do Estado."
Angelo Andrea Matarazzo, presidente da Cesp -Companhia Energética de São Paulo (São Paulo, SP)
*
"É possível mentir dizendo verdades -basta que se disponha de modo malicioso um texto num certo contexto.
Esse era o teor da mensagem publicitária veiculada há alguns anos na televisão por um jornal paulistano. Mas parece que essa lição de ética jornalística não foi assimilada pelo repórter Marcio Aith.
Em reportagem intitulada 'Governo favorece empresa do presidente da Cesp', publicada em 5/3, esse repórter deixou insinuada uma mentira, ou seja: que o ex-chefe da Procuradoria Fiscal teria sido por mim exonerado desse cargo porque alertou a Secretaria da Fazenda sobre a demora desse órgão estadual em romper um acordo de parcelamento de débito fiscal que não estava sendo cumprido pela empresa devedora.
A malícia no texto é óbvia: o repórter noticia a atitude daquele funcionário e, na linha seguinte, anota que, 11 dias depois, ele foi exonerado da chefia que ocupava -ficando insinuada uma relação de causa e efeito entre ambos os eventos.
Mesmo reproduzindo em outro parágrafo minha negativa dessa suposta relação, a 'versão' sub-reptícia anterior mantém sua força comunicativa e mentirosa. Qualquer profissional sério de imprensa saberia disso.
Essa passagem da reportagem exala um cheiro de covardia: do informante oculto, a quem faltou coragem para mostrar o rosto, ou do articulista, que não teve coragem de explicitar uma acusação.
Qualquer deles que se portasse com um pouco de hombridade teria me dado o prazer de processá-lo criminalmente."
Márcio Sotelo Felippe, procurador-geral do Estado (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Marcio Aith - O procurador-geral do Estado não nega as informações publicadas na reportagem.

Folclore
"Leio com surpresa no 'Contraponto' de 27/2, sob o título 'Terrorismo verbal', informação que não corresponde à verdade.
A nota afirma que 'nos dias que precederam o primeiro turno da reeleição, o deputado Ricardo Rique (PMDB-PB) oscilou da oposição feroz ao adesismo incondicional. Votou a favor'.
Desde o início do meu mandato sempre manifestei publicamente minha posição favorável ao direito de reeleição. Bom exemplo é o 'Bom Dia Brasil' (TV Globo, 3/1), em que expressei claramente essa posição.
Votei nos dois turnos pela reeleição, trabalhei pelo voto de vários colegas deputados movido unicamente pela minha consciência e o interesse em atender o que na minha visão representava o melhor para o Brasil.
O resto é folclore e reprodução de um diálogo bem-humorado que mantive com o ministro Sérgio Motta nos corredores do Congresso, o que certamente não autoriza a insinuação de pusilanimidade e subserviência que o tópico pretende me atribuir."
Ricardo Rique, deputado federal pelo PMDB-PB (Brasília, DF)

Tática
"Esse papo de o governo alegar 'risco à estabilidade financeira' toda vez que um banco entra em apuros é muitíssimo suspeito...
Abre o olho, Brasil."
Márcia Meireles (São Paulo, SP)

Trote
"Quero dar os parabéns para a articulista Marilene Felinto pelo seu belo e objetivo artigo sobre a vagabundagem universitária (25/2).
Estou no quarto ano de ciências sociais da USP.
O trote acaba sendo uma forma de traficantes se apoderarem de novos viciados em drogas e de jovens rapazes 'ficarem' com as novas meninas.
Ainda temos uma pequena parcela de universitários que se preocupam com a sociedade e exercem de fato sua cidadania."
Edson da Silva (São Paulo, SP)
*
"Marilene Felinto, em seu artigo 'Vagabundagem universitária começa no trote' (25/2), agride vestibulandos e universitários.
Será que ela sabe o esforço dessa massa de 'vagabundos, elitistas, movidos a MTV e shopping centers'?
Certamente que não. Mostra, assim, que não conhece a concorrência atual nas universidades públicas para cursos como medicina, engenharia mecatrônica, odonto, jornalismo, entre outros.
É lamentável e vergonhoso o conhecimento dela sobre a adolescência."
Alexandre Maitto Caputo (Ribeirão Preto, SP)

Aniversário da Folha
"Os meus cumprimentos à Folha por mais um aniversário, e transmito os votos de muita resistência, 'para continuar avançando na vida dentro do melhor ofício do mundo, tão incompreensível e voraz, que é o jornalismo', como já disse certa feita Gabriel Garcia Marquez."
José Fernando Boucinhas, sócio-diretor de Boucinhas & Campos Auditores e Consultores (São Paulo, SP)

Distorção
"No affaire Zé Celso-Mystérios Gozosos-Araraquara, a Folha abriu generosos espaços execrando e ridicularizando a cidade. Escreveram do dono do jornal ao humorista José Simão.
O desequilíbrio no ouvir as partes resultou em inqualificável mistificação, tomando-se o conservadorismo de três ou quatro como o padrão do pensamento do araraquarense.
Grossa distorção que além do mais desrespeitou a tradição cultural de Araraquara, terra natal e berço de formação de Loyola Brandão, do próprio Zé Celso, rincão do retiro onde Mário de Andrade escreveu Macunaíma."
Rodolpho Telarolli (Araraquara, SP)

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