São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997 |
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Perfil denuncia tentativa de suborno
DANIEL BRAMATTI; ALEX RIBEIRO; CARI RODRIGUES
O computador conteria o programa utilizado por Wagner Ramos para "corrigir" o valor dos precatórios (dívidas judiciais) de Estados e municípios, elevando artificialmente as quantias. "Um assessor do Wagner ligou e disse que queria colocar um computador lá, para incriminar ainda mais a Perfil", disse Calabria, durante o depoimento à CPI. Ao instalar o computador da empresa, o objetivo de Ramos seria se livrar do estigma de "arquiteto" do esquema com os títulos. A proposta de suborno teria sido feita no mesmo dia do depoimento de Wagner Ramos à CPI (20 de fevereiro). Ao depor, Ramos procurou se apresentar como um simples assessor da Perfil, que teria recebido apenas R$ 150 mil por serviços de consultoria. Os depoimentos dos proprietários da corretora, porém, derrubaram a versão, demonstrando que a empresa era "usada" por Ramos para receber comissões milionárias do Banco Vetor, também envolvido no esquema. A CPI considera que Ramos esteve por trás das emissões irregulares de Alagoas (R$ 301,6 milhões), Pernambuco (R$ 480 milhões) e Santa Catarina (R$ 605 milhões), além de municípios como Guarulhos, Osasco e Campinas (SP). Luiz Calabria disse que o Banco Central promoveu uma fiscalização de três meses na corretora Perfil, mas não teria detectado irregularidades praticadas pela empresa. Segundo a Folha apurou, o BC começou a investigar a empresa no início do ano passado, mas avaliou que liquidar a empresa prejudicaria a apuração do restante do esquema com títulos públicos. Calabria disse que os técnicos do BC estiveram na corretora entre agosto e novembro de 96. O depoimento demonstrou que a corretora era usada como "fachada" por Wagner Ramos. "O Wagner não podia receber comissão como pessoa física. Foi aí que nós entramos", afirmou Calabria. A decisão de colocar a corretora a serviço do esquema foi tomada por uma questão de "sobrevivência", segundo o empresário. "A corretora estava quase quebrando. Ou a gente fechava ou arrumava alguma receita. O que ganhamos não ganharíamos nem em quatro ou cinco anos." (DANIEL BRAMATTI, ALEX RIBEIRO e CARI RODRIGUES) Texto Anterior: PF vai vigiar saída de 36 suspeitos do país Próximo Texto: 'Depoimento provocou risos de senadores Índice |
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