São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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São Paulo passa a exportar migrantes

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Está aumentando rapidamente nesta década o número de pessoas que deixam a capital paulista em direção a outras cidades. Entre 1991 e 1996, 514 mil pessoas abandonaram São Paulo.
Por ano, foram em média 103 mil moradores paulistanos que emigraram -um aumento de praticamente 50% em relação à média da década de 80, quando cerca de 69 mil pessoas deixavam o município a cada ano.
Essa é uma das principais conclusões de um estudo realizado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) tendo como base os recém-divulgados números do Censo realizado em 1996.
A intensificação desse movimento migratório é a principal explicação para o fato de a capital ter passado de um crescimento de 1,16% ao ano na década passada para 0,34% nos anos 90.
São Paulo só não viu sua população diminuir em termos absolutos porque o crescimento vegetativo (nascimentos menos mortes) foi de 680 mil pessoas, ainda maior do que a emigração.
Entre as causas apontadas pela nota técnica da Fundação Seade, destaca-se a provável redução do volume de migrantes de outros Estados para São Paulo. E, na contramão, o aumento da migração de retorno para os Estados de origem.
Grande São Paulo
Porém, o fator que provavelmente mais pesou para a estagnação da população paulistana foi o deslocamento de antigos moradores da cidade para o entorno da capital.
Não por acaso, a região do Estado que mais cresceu nesta década foi o cinturão de municípios da Grande São Paulo.
Como saldo geral do movimento de pessoas que entraram e saíram, esse conjunto de cidades teve um ingresso de 440 mil moradores.
A norte e a leste, são cidades como Guarulhos e Itaquaquecetuba, que atraem os habitantes mais pobres de São Paulo. Essas pessoas são empurradas pelo alto custo de vida da capital para regiões cada vez mais periféricas da Grande São Paulo.
Fuga da violência
A oeste da capital, entretanto, a característica dos migrantes é bem diferente.
São, em geral, paulistanos de classe média que, para tentar fugir da violência urbana, mudam-se com a família para condomínios fechados em municípios como Barueri e Santana do Parnaíba.
Com exceção do cinturão metropolitano, todas as regiões do Estado de São Paulo tiveram reduzidos os fluxos migratórios.
No interior do Estado, a média anual de imigrantes que chega e permanece nas cidades caiu de 78 mil nos anos 80 para 54 mil nos 90.
No total, o Estado está absorvendo, nesta década, menos pessoas do que na passada: em média 39 mil imigrantes de outros Estados, contra 53 mil/ano de 80 a 91.

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