São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Dois morrem queimados em prisão de PE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Dois presos morreram e outros quatro ficaram feridos em consequência de uma briga entre os detentos, que aconteceu ontem, na penitenciária de segurança máxima Barreto Campelo, em Itamaracá (35 km de Recife), em Pernambuco.
Com a morte dos dois presos, subiu para cinco o número de presidiários que foram mortos no local em nove dias.
Para a polícia, os crimes estão ligados a vingança e disputa por poder interno.
Os detentos mortos ontem -Orlando Marciano da Silva e Rinaldo Oliveira Martins, que também utilizava o nome de André Sales da Silva- foram carbonizados dentro da cela durante o horário determinado para o banho de sol, às 9h30.
O incêndio teria sido provocado por um grupo rival que invadiu o pavilhão C, onde estavam as vítimas em companhia de outros quatro presidiários.
Os sobreviventes foram levados ao hospital da Restauração, com queimaduras. O caso mais grave é o de Luiz Mariano da Silva, que teve metade do corpo atingido pelo fogo.
A Polícia Militar e os bombeiros foram acionados. O fogo foi controlado e os presos, recolhidos para suas celas.
Atiradores da polícia chegaram a se posicionar do lado de fora da penitenciária, protegendo-se atrás de coqueiros, mas não houve tentativa de fuga.
Às 11h30, a direção do Barreto Campelo anunciou que a situação estava controlada.
Mortes em sequência
O Desipe (Departamento de Sistema Penitenciário) afirmou que o conflito de ontem deve estar ligado à morte de outros três presos na penitenciária e à transferência de 12 detentos acusados pelos crimes.
A transferência, segundo a diretora do Desipe, Tereza Sá Leitão, teria gerado insatisfação entre grupos rivais que pretendiam se vingar dos acusados.
A sequência de mortes na penitenciária começou na quinta-feira da semana passada, com o estrangulamento de José Guilherme da Silva.
Na madrugada da última quarta-feira, José Alberes Pessoa foi encontrado enforcado em sua cela e, anteontem, Lourival da Paz foi morto, também por estrangulamento, após ter sofrido espancamento.
Segundo a diretora do Desipe, os inquéritos abertos pelo departamento e pela Polícia Militar vão investigar as causas do conflito.
A penitenciária Barreto Campelo é a maior do Estado de Pernambuco e abriga os presos considerados mais perigosos. O prédio tem 472 vagas, mas mantém atualmente 1.026 detentos.

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