São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Rio+5 começa na quinta, sob fogo cruzado

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Sob o fogo cruzado de cientistas e ONGs (organizações não-governamentais) brasileiras e internacionais, que criticam o conteúdo e os convidados do encontro, começa na próxima quinta-feira a conferência Rio+5.
Planejada para avaliar o que foi realizado na área ambiental nos cinco anos desde a Eco-92 -daí o nome, Rio+5- a reunião vem sendo criticada por supostamente ter tom oficial, ser fechada e não apresentar resultados práticos.
Idealizada pelo Conselho da Terra, ONG dirigida pelo canadense Maurice Strong, que foi secretário-geral da Eco-92, a Rio+5 pretende reunir cerca de 500 participantes até 19 de março.
O número inclui ONGs e representantes governamentais de pelo menos 80 países, empresários, instituições como o Banco Mundial, cientistas e personalidades como a cantora Mercedes Sosa e o ex-presidente da ex-URSS Mikhail Gorbatchov.
O custo de US$ 3 milhões foi bancado, entre outros, pelos governos do Brasil e estrangeiros e por organismos como a Fundação Rockefeller e o Banco Mundial.
Polêmica
Por reunir setores criticados por ONGs -como o Banco Mundial e entidades empresariais- e ter uma pauta de trabalho considerada genérica demais, a Rio+5 virou polêmica antes de começar.
Para o físico e diretor da Coppe (Instituto de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Luiz Pinguelli Rosa, 54, a pauta representaria o lobby hegemônico dos países desenvolvidos.
Ele afirma que os representantes desses países não estariam interessados em focar temas que não conseguem cumprir, como os estabelecidos em dois documentos aprovados na Eco-92: as convenções de Clima e de Biodiversidade.
O coordenador da entidade fluminense Os Verdes, Sérgio Ricardo de Lima, afirma que é "um encontro chapa branca".
O tom genérico da pauta, com a inexistência de sessões específicas para se discutir essas convenções, fez com que representativas ONGs internacionais, como o Greenpeace e Os Amigos da Terra, não tivessem interesse em participar.
Diretor do IISD (Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), o norte-americano Langston James Kimo, 44, que participará da Rio+5, diz ter detectado, entre cerca de 300 ONGs do mundo, um misto de desinteresse e críticas à conferência.
ONGs de várias partes do mundo têm se reunido em Nova York para tentar influenciar as posições dos governos a serem aprovadas, em junho, na sessão especial da Assembléia Geral da ONU que fará um balanço oficial pós-Eco-92.

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