São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Banco corta 60 mil vagas/ano

CLAUDIA GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início do Real ocorreu uma aceleração no corte dos postos de trabalho em bancos do país.
Enquanto a média mensal de vagas fechadas de janeiro de 89 a janeiro de 94 era de 2.362, desde o início do Real essa mesma média pulou para 4.907 vagas ou cerca de 60 mil vagas por ano.
Carlos Antonio Uliana, secretário de imprensa e comunicação da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), acredita que a redução de vagas foi causada, principalmente, devido à crescente informatização das agências e às recentes fusões e incorporações ocorridas no setor financeiro.
"Com a globalização há uma tendência de concentração no setor. E essa tendência é mundial", afirma Uliana.
O secretário cita como exemplo a Argentina. Lá, segundo ele, foram cortados aproximadamente 26 mil postos só no ano passado.
Aqui, a redução foi de 58.786 vagas no mesmo período. Mas desde o início do Real, o pior ano para os bancários foi 95, quando 61.179 empregos deixaram de existir.
Segundo Adilson Lorente, coordenador de comunicação da Febraban (associação que reúne os bancos), a estabilização da moeda -que acirrou a competição entre os bancos- e a terceirização foram as causadoras dos cortes.
"A automação teve uma parcela de culpa. Mas ela gera empregos na área de informática e facilita a vida dos clientes", analisa Lorente.
Ele afirma que, apesar da redução das vagas, os bancos continuam gastando com o pagamento dos salários o mesmo que gastavam há dois anos.
"Isso se deve à melhora da qualidade da mão-de-obra."
No período, seu quadro de funcionários passou de 52.866 para 45.871 -um corte de 6.995 vagas.
"O cruel dessa redução é que o Bradesco lucrou no ano passado R$ 824,4 milhões. Esse foi o maior lucro da história do sistema financeiro brasileiro", diz Uliana.
O Itaú cortou 5.268 postos, ficando em segundo lugar em número de postos fechados entre as instituições privadas. No final de 96, o banco dispunha de 31.368 vagas. Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil foi o que mais postos eliminou no último ano: 9.308.

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