São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Kibutz se transforma para sobreviver
FREDERICO VASCONCELOS
O hotel pertence a um kibutz (em hebraico, significa estabelecimento coletivo, comunidade voluntária onde as pessoas vivem e trabalham sem competir entre si). A opção pelo turismo como uma das fontes de receita de vários kibutzim (plural de kibutz) é apenas um dos sinais das transformações por que passaram essas comunidades, criadas no início do século voltadas só para a agricultura. Há 270 kibutzim em Israel, com cerca de 120 mil membros. São pessoas que ainda crêem na propriedade comunitária e nos princípios da igualdade e justiça social. Mas o modelo tem sido constantemente questionado. Há uma evasão de jovens, a terceira geração. Muitos kibutzim não foram bem-sucedidos, o que é atribuído à falta de um planejamento eficiente ou a gestões extravagantes. O hotel dispõe de ar condicionado e TV nos 170 apartamentos com decoração típica dos hotéis americanos. O conforto surpreende os que imaginam a vida num kibutz tendo como referência os primeiros anos das fazendas coletivas. O kibutz Ginosar, hoje com 700 membros, foi fundado em 1934 e mantém uma unidade industrial. Cada kibutz é independente, com seu próprio estatuto. Os diretores são eleitos em assembléia, que aprova o orçamento e decide sobre novos membros. Comissões são eleitas para cuidar de assuntos específicos, como educação, habitação, saúde e finanças. Todas as decisões são tomadas a partir do voto direto. Atraídos por diferentes formas de vida, muitos jovens, depois de cumprir seu período no Exército, não retornam para o kibutz. A falta de mão-de-obra para o trabalho nas fábricas, ou na agricultura em determinadas épocas do ano, obriga o kibutz a contratar trabalhadores. Esse recrutamento conflita com os princípios da auto-suficiência do kibutz. Cada membro recebe uma quantia para despesas fora do kibutz. O kibutz fornece instalações para moradia, equipamentos e vestuário e assume a responsabilidade pela educação e cuidados médicos. Para alguns analistas, essa situação tende a acomodar as pessoas. Alguns kibutzim instituíram o salário proporcional à produtividade, para combater a acomodação. Essa renda permitiria acumular para comprar uma TV ou uma moto. O automóvel, ícone do capitalismo, é um bem individual não permitido em alguns kibutzim. O jornalista Frederico Vasconcelos foi a Israel a convite do Consulado de Israel em São Paulo Texto Anterior: População cresceu desde o fim da guerra Próximo Texto: Primeira comunidade tem museu Índice |
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