São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Família de PC ironiza nova investigação

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A família do empresário Paulo César Farias, o PC, informou ontem que está tranquila e que a Polícia Federal pode ficar à vontade para procurar o dinheiro do empresário morto.
"Não colocaremos nenhuma dificuldade no retorno ao Brasil desse dinheiro que a PF tenta achar na Itália", disse à Folha Luiz Romero Farias, um dos irmãos de PC, em Maceió.
Segundo os parentes do tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello, a possibilidade de uma conexão com a máfia italiana não passa de uma fantasia dos investigadores da Polícia Federal.
Enredo barato
O médico Luiz Romero, que dirige a Blumare, empresa revendedora da Fiat em Maceió, define a conexão como um "enredo típico do escritor Sidney Sheldon" -referência a autor de tramas rocambolescas que envolvem poder, sexo e crime em seus romances.
A família de PC alega que os negócios deixados pelo empresário, como o jornal "Tribuna de Alagoas", por exemplo, passam por "dificuldades". O diário estaria operando com prejuízo, segundo os familiares, embora os números não sejam revelados.
Com dois herdeiros, os filhos Paulo, 15, e Ingrid, 17, os bens de PC são administrados pelo irmão e deputado federal Augusto Farias, escolhido como tutor da família.
O empresário também deixou uma complicação fiscal gigantesca para a família.
A Receita Federal acumula uma série de multas que somam cerca de R$ 100 milhões. Os advogados dos Farias recorreram para tentar se livrar de parte desse valor.
Os herdeiros continuam cercados de muito cuidado e segurança, por conta do medo de sequestro -um velho temor do próprio PC e da sua mulher Elma, também já morta.
US$ 1 bilhão
Segundo os Farias, cabe à PF provar o que apenas alardeou e ainda não conseguiu mostrar: a versão de que PC desviou cerca de US$ 1 bilhão dos cofres do país durante a gestão do seu amigo e ex-presidente Collor (1990-92).
"Já chutaram todos os números possíveis, agora vem essa quantia de R$ 200 milhões na Itália e nada de provas concretas", disse Luiz Romero. "Nem mesmo depois de morto deixam o Paulo descansar em paz", afirmou.
O advogado da família, Nabor Bulhões, afirmou que recebeu a notícia da conexão italiana com muita surpresa. "Nunca tomei conhecimento desse assunto por parte do meu cliente", disse.

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