São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Ousadia de Nelsinho não encerra o caso Túlio

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, alguém já disse que quem pode errar é quem toma decisões. Quem não as toma, já errou.
Embora a frase seja atribuída a um maestro, ela é profundamente verdadeira para o futebol.
Pressionado, o técnico Nelsinho tomou a decisão. Arriscada. Temerária.
Deixar o jogador mais caro, o candidato a artilheiro, ao desconsolo do banco de reservas, no talvez mais difícil confronto do Corinthians no Campeonato Paulista, era esticar ainda um pouco mais o seu já ameaçado pescoço.
Nelsinho teve coragem e foi recompensado. Sua atitude surpreendeu o Palmeiras, que ficou meio atarantado no primeiro tempo.
O time de Márcio Araújo, até agora mais consistente do que o Corinthians no campeonato, não conseguiu ser o senhor do jogo no primeiro tempo.
No final, na ponta do lápis, o empate foi mais positivo para o alvinegro do que para o alviverde.
Mas, apesar da ousadia de Nelsinho, o problema continua -e tende a se agravar.
Túlio fica definitivamente no banco? Depois do gol, Mirandinha sai desse time?
Dá para perceber que Túlio foi, muito mais, uma escolha do patrocinador do que do técnico do Corinthians.
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O brasileiro Leandro foi feliz no gol que deu a vitória ao Valencia, no jogo contra o Sevilha, mas totalmente infeliz na comemoração no estilo "xixi de cachorro".
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Por falar em feia comemoração de gol, eu gostaria de saber quem inventou esse péssimo gesto de "cala a boca" -fulaninho faz o gol e, em atitude revanchista, corre para a torcida do time adversário colocando o dedo em frente à boca em bico, impondo silêncio à galera inimiga.
Gol é celebração, é êxtase.
O júbilo deve ser manifestado por meio da demonstração de alegria; deve ser comemorado junto aos pares -com os companheiros de time e também próximo à própria torcida.
A comemoração "cala a boca" tira muito da superioridade da conquista, ao contaminá-la com o sentimento revanchista. É um gesto de pequenos, não de gigantes, de heróis.
Taí uma orientação que os técnicos poderiam passar aos seus jogadores. Daria um pouco mais de civilidade ao fut.
Aliás, por falar nos técnicos, essa onda de jogador marcar gol e sair correndo para abraçar o técnico também não me agrada muito, não.
Será muito difícil não interpretar esse gesto como uma tentativa de assegurar o lugar no time.
Artilheiro, à galera, à galera!
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Washington Olivetto anda todo feliz. Recebeu uma camisa autografada do Dieguito Maradona com a dedicatória "para o 10 da publicidade".
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O bom companheiro de Copa dos EUA, Sílvio Lancellotti, o homem de memória prodigiosa, corrige dois erros de grafia cometidos por esta coluna, ao publicar a seleção dos mais elegantes do futebol eleitos por Paulo Roberto Falcão. O certo é Albertosi, e não Albertozzi; o correto é Antognoni, e não Antonioni.

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