São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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Torres vão fiscalizar o ar da Amazônia

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Este ano devem começar a ser instalados em vários pontos da Amazônia os instrumentos do mais ambicioso projeto científico a estudar o clima da região.
Mais de cem pesquisadores do Brasil, da América do Sul, dos EUA e da Europa participam do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia -conhecido pela sigla LBA.
Os objetivos também são ambiciosos -entender "de que modo as mudanças dos usos da terra e do clima afetarão o funcionamento biológico, químico e físico da Amazônia, incluindo sua sustentabilidade e sua influência no clima global".
Os resultados preliminares de outros estudos na região indicam que a Amazônia pode ter um papel importante em absorver carbono da atmosfera, na forma do gás dióxido de carbono, o principal causador do efeito estufa.
Curiosamente, essas descobertas surgem ao mesmo tempo em que os cientistas estão paulatinamente reduzindo suas estimativas do papel dos oceanos de "sorvedouro" ("sink") de carbono, segundo o pesquisador Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e coordenador do projeto LBA.
Resultados como esses foram obtidos por torres fincadas no meio da floresta e dotadas de instrumentos que realizam medições constantemente do fluxo de gases na atmosfera. Uma dessas torres tem 52 m de altura, para ficar acima da copa das árvores.
O LBA pretende instalar de 12 a 15 torres pela Amazônia -incluindo também Venezuela, Colômbia e Peru- e fazer medições ao longo de três a quatro anos.
Para Nobre, o estudo das consequências climáticas de mudanças no uso do solo -como o deflorestamento amazônico- tem para o Terceiro Mundo uma importância tão grande quanto outras pesquisas sobre o aquecimento global.
O desaparecimento da floresta teria consequências importantes no clima regional -a diminuição de chuvas, por exemplo. Pela sua extensão -7 milhões de km2-, fenômenos na Amazônia também afetam o clima mundial.
(RBN)

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