São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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Abertura das teles piora déficit, diz BNDES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A abertura do mercado de telecomunicações ao capital de risco e a privatização do Sistema Telebrás vão elevar o déficit comercial por dois ou três anos, disse ontem o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros.
A afirmação de Barros foi feita à comissão especial das telecomunicações, responsável na Câmara por examinar o projeto de Lei Geral das Telecomunicações, que permite a privatização do setor.
Para ele, o parque industrial brasileiro só tem condições, segundo projeções do BNDES, de atender a 35% do mercado privatizado. Ou seja, 65% dos equipamentos terão de ser importados.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações), estima em R$ 100 bilhões os investimentos no setor nos próximos anos. Especialistas da Telebrás estimam que metade dos recursos será para comprar equipamentos e tecnologia.
Se o raciocínio de Barros e as projeções do BNDES se concretizarem, cerca de R$ 32 bilhões serão acrescidos às importações nacionais e vão acentuar o fosso entre as compras, indispensáveis à expansão das telecomunicações, e as exportações.
O diretor da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica), Werner Dittmer, que dividiu com Barros os depoimentos do dia, disse que essa situação se agravará caso as operadoras internacionais -potenciais compradoras do sistema Telebrás- mantenham seus fornecedores.
Ele pediu alterações no projeto de lei do ministro Sérgio Motta (Comunicações), para que sejam estabelecidas políticas de estímulo à indústria, à tecnologia e aos empregos.
O empresário é presidente da Equitel, cujo capital social é 83% alemão (Siemens). Os 17% restantes pertencem à Hering.
Mendonça de Barros disse que o assunto está entre as suas preocupações. Disse que os juros estão em queda. "São de 9,5% ao ano nas linhas do BNDES."
Reunião
Uma reunião hoje, às 16h, em São Paulo, colocará a indústria e Barros frente a frente para discutir como evitar maiores desequilíbrios na abertura do setor.
Barros acredita, no entanto, que o déficit será compensado com o grande volume de recursos de risco que entrarão com as novas concessões e na privatização.
"O que não podemos é incentivar a proteção", defendeu. "Queremos nos adiantar aqui (na legislação em estudo) para que os efeitos das mudanças não gerem desequilíbrios."
Barros defendeu também a participação dos empregados da Telebrás na venda da estatal, como tem ocorrido nas demais privatizações.
Disse que o modelo de venda da Telebrás será similar ao da Vale, sem pulverização das ações. Mas defendeu a criação de holdings regionais, reunindo as subsidiárias estaduais.

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