São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997 |
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CHIRAC, O FRANCO A visita do presidente francês, Jacques Chirac, ao Brasil já serviu, no mínimo, para um aprofundamento talvez sem precedentes do diálogo entre os dois países. Especialmente na Fiesp, Chirac conclamou os dois lados a deixar de lado o "diálogo de surdos" que caracteriza, por exemplo, o debate sobre agricultura. Expostos a uma concorrência inédita nos mercados internacionais, os empresários brasileiros abriram fogo contra o protecionismo agrícola europeu e contra a globalização "tout court", que na prática muitas vezes coloca os países menos desenvolvidos em posição de desvantagem. O presidente francês socorreu-se de números, insistiu no impacto positivo para o Brasil das relações comerciais com o seu país e, o que não é pouco, conclamou a um diálogo de alto nível entre o Mercosul e a União Européia. Chirac propôs uma reunião em 1998, justamente para "buscar soluções novas para alguns problemas antigos", como os da agricultura. Em novembro de 1999, deverá ocorrer uma reunião mais ampla, no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Uma aproximação prévia seria proveitosa para todos. Na prática, a visita colocou de modo contundente uma ambiguidade com a qual a diplomacia brasileira vai conviver nos próximos anos. De um lado, há apostas ambiciosas em alianças estratégicas regionais que aumentem a importância do Mercosul, para permitir negociar melhor a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Mas os parceiros potenciais dessas alianças, como a UE ou os países asiáticos, têm interesses que frequentemente conflitam com os do Brasil, como se verifica na agenda agrícola. Assim, antes de uma possível aliança estratégica, é preciso percorrer um longo caminho que viabilize a superação de arestas cruciais. Entre a globalização e a regionalização, a realidade é complexa, e o futuro, ainda incerto. Agir e opinar com franqueza, entretanto, são os primeiros e decisivos passos rumo a soluções aceitáveis para todas as partes. Próximo Texto: O CONTO DAS TARIFAS Índice |
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