São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
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Nova vacina tenta evitar câncer do útero
JAIRO BOUER
O alvo dessa vacina é o vírus HPV -o papilomavírus humano. Esse agente microscópico está produzindo uma das maiores epidemias já vistas pelos médicos. O vírus tem uma predileção pela vulva, vagina e colo do útero, mas também pode ser encontrado no pênis, ânus e cavidade oral. A principal via de transmissão é o contato sexual. A partir de uma relação com uma pessoa contaminada, o vírus pode ficar "latente" (adormecido), produzir uma lesão plana (só visível com o auxílio de lente especial) ou causar o condiloma -verruga na região genital. Existem vários subtipos de HPV. Mais de 40 podem infectar o homem. Os menos agressivos produzem, em geral, um condiloma. Os mais agressivos podem levar a uma lesão precursora de câncer na vagina ou no colo do útero. Luisa Lina Villa, pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, explica que um dos principais fatores que vai determinar o aparecimento de uma lesão pré-cancerosa é o tempo de persistência do HPV no material genético das células. Assim, o quanto antes o HPV for identificado e removido ou qualquer medida que evite a transmissão do vírus para a mulher pode prevenir o câncer. Vacina Uma vacina para prevenção da infecção pelo HPV no homem começou a ser testada há cerca de dois anos. Ela já passou pela fase 1 -em que é checada a ocorrência de efeitos tóxicos em animais. Agora, a vacina está começando a enfrentar a fase 2 -em que ela é usada em grupos seletos de pacientes (em geral, já contaminados pelo HPV) para verificar se as injeções podem controlar a evolução das lesões existentes. A etapa final é o teste da vacina em grandes grupos de pacientes não-contaminados e seu acompanhamento durante alguns anos. Luisa afirma que vacinas similares tiveram sucesso em 100% dos casos na proteção de cães e bovinos contra HPVs que infectam esses animais. Ela acredita que, dentro de cinco anos, uma vacina profilática -que evita tanto os condilomas como as de lesões pré-cancerosas- deve estar pronta. A vacina que está sendo empregada usa o subtipo 16 -um dos mais agressivos e responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de colo de útero. Se a vacina funcionar, outros subtipos de vírus podem entrar na sua futura composição para ampliar a proteção. Texto Anterior: Programa cuida de paciente em casa e libera vaga de hospital Próximo Texto: Médicos mudam tratamento Índice |
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