São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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São Paulo leva ligeiro favoritismo no clássico

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Se levarmos em conta apenas as últimas apresentações de Santos e São Paulo na rodada da Copa do Brasil de meio da semana, o tricolor entra em campo esta manhã com um ligeiro favoritismo.
Mas isso não conta, sobretudo porque ambos, se comparados, digamos ao Palmeiras que massacrou o pobre River do Piauí, quarta-feira, praticaram um futebol de segunda categoria, ainda que vencendo seus respectivos adversários, o Figueirense e o Vila Nova de Goiás.
O Santos, depois de um alento inicial com as contratações de Luxemburgo, Zetti e Ronaldão, parece ter refluído à margem da grande aventura a que se propunha. Por exemplo: até agora, não conseguiu laçar um artilheiro de escol para completar a sua espinha dorsal.
Fala-se em Muller, que conseguiu a proeza de, em menos de um ano, sair da boca do palco alviverde para passar pelas sombras do Morumbi até sumir de cena no Perugia da Itália. É o elo encontrado da Teoria da Involução.
Seria ótimo, não fosse tão imprevisto o comportamento do craque. Mesmo assim, caso ele venha e resolva jogar o que sabe, continuará faltando o artilheiro que se servirá das preciosas assistências de Muller.
Já o tricolor parece ter caído no círculo de giz, de onde não consegue sair, assombrado por fantasmas recorrentes.
Na prática, desfez-se o encanto do Morumbi, que, no raiar desta década, sugeria um reinado longo e glorioso.
O comando esfacelou-se em miríades de candidatos à coroa, que mal consegue se equilibrar sobre a fronte do infante De Rey, hoje, refém das velhas oligarquias tricolores, segundo me relatava ainda outro dia um nobre conselheiro.
Que arrematou, naquele código advoguês, embalado em impecável terno cinza, colarinho engomado, gravata de seda e cabelos colados a gel, à moda das Arcadas: "Levará muito tempo para o São Paulo soerguer-se".
Só resta, pois, acrescentar um solene breque aos compassos da velha trova acadêmica que fala da página dobrada: "Soerga-se!/Soerga-se, pô!"
Imagine este São Paulo entrando em campo hoje: Zetti; Cafu, Gilmar, Ronaldão e André; Doriva, Válber, Palhinha e Denílson; Muller e Bentinho. Com exceção de Válber e Denílson, que continuam, todos os demais -sete pratas da casa -estavam no Morumbi ainda outro dia. Os que não foram doados saíram a preço de banana.
Era time pra disputar não só o Paulistão como a Libertadores, segundo prova oferecida pelo Cruzeiro, o grande beneficiário.

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