São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
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Salário real derruba estatística oficial
MÁRIO MAGALHÃES
O levantamento é feito anualmente pela Confederação Brasileira de Futebol, com base na palavra dos clubes. Todos os contratos são registrados, obrigatoriamente, na entidade. A CBF constatou que, em 1996, 50,8% dos jogadores ganharam 1 salário mínimo (R$ 112); 30,2%, de 1 a 2 salários (até R$ 224); 8,2%, de 2 a 5 (até R$ 560); 4,1%, de 5 a 10 (até R$ 1.120); 2,4%, de 10 a 20 (até R$ 2.240); 4,3%, mais de 20 mínimos (acima de R$ 2.240). Mas a Folha apurou que a estatística tem distorções provocadas por clubes que não declaram o valor verdadeiro dos vencimentos. Algumas equipes subfaturam os contratos, pagando parte dos salários "por fora", expediente típico de caixa dois (contabilidade paralela para recolher menos imposto). O Figueirense, de Florianópolis (SC), tinha por hábito, até o ano passado, não declarar parcela dos salários. 'Por fora' Dois atletas do clube catarinense ganhavam, em 1995, 1 salário mínimo registrado na Carteira de Trabalho e 14 "por fora". Com a condição de não ter o seu nome revelado, um jogador de outro time de Santa Catarina afirmou à Folha que a maior parte do seu salário não é registrada no contrato oficial, que vai para a CBF. Há clubes que contabilizam parcela da remuneração como ajuda de custo. O goleiro Sérgio, hoje na Inter, de Limeira (SP), disse que o Flamengo, seu time até novembro, paga "por fora, no que seria o caixa dois". O clube nega. Sérgio recebia ajuda de R$ 10 mil mensais para moradia, alimentação e transporte, mas só gastava R$ 3.000. Na carteira, constava salário de R$ 7.500. "No total, eu ganhava R$ 17.500", afirma. Taxas Muitas equipes apresentam documentos subfaturados para fugir das taxas da CBF, que isenta compromissos com salários inferiores a dois mínimos (R$ 224). Contratos até R$ 600 mensais exigem R$ 100 de taxa; até R$ 1.120, taxa de R$ 250. Acima desse valor, a entidade cobra R$ 500. O supervisor de um clube do interior pernambucano, da primeira divisão do Campeonato Estadual, disse à Folha que registra na CBF todos os salários entre 1 (R$ 112) e 1,5 mínimo (R$ 168), embora alguns jogadores recebam R$ 300. O motivo da mentira: se beneficiar da isenção de taxa na CBF. Texto Anterior: Brasil e Argentina viram rivais juvenis Próximo Texto: Clube inventa pagamento Índice |
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