São Paulo, domingo, 16 de março de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'Mauricinhos' aprendem com Eder Jofre
EDUARDO OHATA
Derrotado nas últimas eleições municipais de São Paulo, quando tentoureeleger-se ao cargo de vereador, Jofre agora dá aulas para cerca de 50 alunos na academia Fórmula, no Shopping Eldorado. "Procuro me lembrar das lições que aprendi com o velho Aristides", revela Jofre, referindo-se ao pai, falecido, que o guiou durante a carreira. "Assim como ele, passo os fundamentos básicos aos meus alunos." Eder é auxiliado na nova função pelo tio, o experiente Ralph Zumbano, 71, que treinou o peso-pesado Adilson "Maguila" Rodrigues. O perfil dos pupilos de Eder é bem definido: estudantes, profissionais liberais, modelos e artistas, todos situados entre as classes sociais A e B. Roupas de griffe, tênis de marca, pele e cabelos bem-tratados enfeitam as sessões de treino. Esses aspirantes a pugilistas estão mais para o astro Sylvester "Rocky" Stallone que para Mike Tyson. "O boxe desenvolve a velocidade, a coordenação e a destreza dos braços", analisa Mário Sérgio, 28, compositor e instrumentista do grupo de pagode "Fundo de Quintal". "Não quero competir, mas melhorar minha performance no cavaquinho". Esperança O próprio Eder Jofre reconhece que nesse tipo de ambiente dificilmente surgirão pessoas dispostas a participar de campeonatos. "Os garotos pobres procuram o esporte como uma forma de ascender socialmente", aponta o ex-campeão. "Não sei qual seria a motivação de meus alunos." Mas Eder mantém acesa a esperança de formar um vencedor na academia. Ele cita o exemplo do senador Eduardo Suplicy que, embora de família abastada, competiu -e venceu uma luta- no torneio de boxe "Forja de Campeões". Aspirações Os alunos de Eder estão bastante animados. Após uma semana de treino, o estudante de economia Heni Cukier, 20, comprou e instalou um saco de areia em casa. "O Eder é um bom professor, muito experiente", elogia Cukier. "Sabe como evitar os erros que os novatos cometem." Guilherme Ruman, que cursa o segundo ano de engenharia civil, sonha em seguir os passos de seu treinador. "Gostaria de lutar em um campeonato amador", anuncia. "Mas se perdesse, não teria nenhum problema." O empresário Ferrari Gianfranco, 49, o "George Foreman" da turma, começou a praticar boxe por curiosidade. "Pratiquei todos os esportes, faltava apenas o pugilismo", gaba-se Gianfranco, que pesa 103 kg e mede 1,72 m. A maior preocupação do empresário é que Jofre conceda atenção apenas aos jovens e esqueça os mais velhos. "Estou em forma, não tenho medo de competir com a molecada", diz Gianfranco, informando que costuma participar de maratonas, como a de Blumenau (SC). Recompensa Se por um lado os pupilos de Eder sentem-se felizes em aprender com uma lenda viva, o ex-campeão considera a atividade de treinador recompensadora. "Quando ensino um garoto de dez, doze anos, é como se eu voltasse a ter essa idade", declara Eder. "É uma boa sensação." Texto Anterior: BCN corrige erros e tenta empatar série Próximo Texto: Modelos e atrizes driblam 'vigilância' para treinar Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |