São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Violência juvenil cresce na classe média

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A violência infanto-juvenil nas classes média e alta pode ter crescido mais de 70% nos últimos dois anos, em São Paulo.
Essa é a avaliação da Acmesp (Associação dos Comissários da Infância e da Juventude do Estado de São Paulo). A estimativa é feita com base no número de casos envolvendo jovens dessas classes registrados nas Varas da Infância e da Juventude do Estado.
"O crescimento da violência, superior a 70%, está relacionado ao consumo de drogas. A dependência começa com o uso da droga doméstica, o álcool", disse o presidente da Acmesp, Ailton Timóteo.
A violência de jovens de classes pobres também aumentou. Dados do SOS Criança, órgão da Secretaria de Estado da Criança, Família e Bem-Estar Social, mostram que houve aumento das infrações graves cometidas por adolescentes.
O atentado violento ao pudor, por exemplo, foi o recordista das infrações no primeiro semestre de 1996. Houve um aumento de 90,9% desse tipo de infração. Já o uso e o tráfico de drogas aumentou 37,6% durante todo o ano passado.
Segundo Ailton Timóteo, os comissários da Infância e da Juventude verificam, em suas blitze em bares frequentados por adolescentes, que "traficantes utilizam, inicialmente, a bebida alcoólica para se aproximar do jovem".
Para ele está havendo um aumento dos casos de violência em bares e danceterias envolvendo jovens de classes média e alta.
Dados do batalhão da Polícia Militar da região dos Jardins (zona oeste de São Paulo) revelam que os casos de brigas entre jovens aumentaram 300% de setembro a outubro de 1995.
"Os casos indicam que esse crescimento se mantém ainda hoje", disse o coordenador do SOS Criança, Paulo Vitor Sapienza.
O 15º DP, no Itaim Bibi -delegacia responsável pela área com maior incidência de bares frequentados pelo público de alto poder aquisitivo- registra uma média de cinco casos de agressão entre adolescentes por mês. Mas estima-se que para cada caso registrado existam outros cinco que não chegam à delegacia. Dessa forma, ocorreria uma média mensal de 25 casos de violência entre o público teen frequentador de boates.

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