São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Escola comunitária traz recurso para educação

FERNANDO ROSSETTI
DE NOVA YORK

O Banco Mundial acaba de lançar um livreto que destaca a participação da comunidade na escola como forma de buscar novos recursos para educação.
O banco é uma instituição financeira internacional, que recebe seu dinheiro dos países das Nações Unidas. No Brasil, está atualmente participando de um projeto de R$ 700 milhões para melhoria do ensino no Nordeste.
O novo livro, "Descentralização da Educação - Financiamento da Comunidade", é de autoria de Mark Bray, professor da Universidade de Hong Kong e um dos mais conhecidos teóricos de educação comparada.
Embora não cite diretamente o Brasil -que não tem qualquer tradição em escolas mantidas pela comunidade-, o texto de Bray pode virar um referencial importante para a reforma descentralizadora do sistema de ensino público, em andamento no país.
APMs
O livro tem um tom geral favorável ao ingresso de recursos da comunidade nas escolas públicas -tipo cobrança de taxas pelas Associações de Pais e Mestres.
"Da perspectiva oficial, muito da atração em relação ao financiamento da comunidade repousa no fato de que isso cria uma forma alternativa de canalizar recursos para o setor educacional", diz.
Mas Bray apresenta seus argumentos de forma bastante equilibrada, comparando diversas experiências no mundo -principalmente subdesenvolvido- e destacando uma série de problemas que essa prática acarreta.
A restrição principal -que é constantemente levantada por educadores mais à "esquerda" no Brasil- é que o financiamento da educação pública pela comunidade pode acabar "exacerbando desigualdades regionais, rural-urbanas e sociais e contribuir para o uso inadequado de recursos".
"Nenhum modelo pode ser recomendado universalmente", afirma o autor.
Descentralização
A chave do debate, no entanto, não é a quantidade de recursos que a comunidade é capaz de colocar a mais na escola pública, mas o poder que essa comunidade adquire na administração da escola.
Por um lado, afirma Bray, a comunidade que põe dinheiro na escola tende a "cuidar que seus filhos estejam indo a essas escolas e a acompanhar o desempenho dos professores, discutir o currículo".
Por outro lado, a comunidade pode não ter o conhecimento técnico necessário para tomar certas decisões, e isso pode gerar tensões. O autor não resolve esse conflito, mas, defende a busca de parcerias.

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