São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Faltou ambição ao Santos para virar o clássico

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bem que o Santos poderia ter virado o clássico de ontem, depois da expulsão de Válber, na sequência do golaço do menino Dodô, em parceria com Aristizábal. Teve o domínio da bola e dos espaços, mas faltaram-lhe ambição e contundência para empurrar a bichinha lá no fundo, sobretudo depois de ter alcançado o empate, em pênalti cobrado por Assunção.
Moral da história: se o Santos quiser mesmo recuperar os tempos dourados, terá de investir pra valer numa dupla de atacantes à altura dessas pretensões, mesmo contando com Alessandro, o maior ausente de ontem.
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Se há um craque que pode exercer na sua plenitude a função de líbero no futebol brasileiro, esse é Válber. Talvez, o único, na nossa história, emboraJúlio César tenha sido impecável nesse papel, mas lá fora, no Montpellier, na Juve etc.
Isso porque Válber possui técnica refinadíssima e rara visão de jogo, além de um senso de colocação fora do comum. E mais: como jogador, é dono de invejável estabilidade -joga sempre bem e na mesma toada. Seu único defeito está nas bolas altas, mas isso -no caso do São Paulo- seria compensado pela presença de Rogério Pinheiro e Bordon, dois espanadores da lua.
Instável, porém, é o homem, o cidadão Válber. Com ele, o técnico nunca saberá quando pode contar.
E é aqui que o esquema de Muricy fica pendurado na insustentável leveza do ser. Sem Válber, todo o esquema se esboroa, pela ausência de um substituto no mesmo papel de líbero. Assim, o mais ajuizado seria manter a linha de quatro zagueiros e empurrar Válber para o meio-campo, ao lado de Axel. Se jogar, ótimo, pois o time ganhará excelência no toque de bola. Caso contrário, substitui-se apenas um jogador, não o esquema.
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Desculpem a insistência: mas, quer dizer, então, que Viola e Luizão não podem jogar juntos?
Ah, sim, agora há uma nova versão, que corria sábado, após mais uma goleada do Palmeiras -5 a 2, no Araçatuba, três de Viola e dois de Luizão, que juntos dividem a artilharia do campeonato, com 10 gols cada, somando exatos dois terços de todos os tentos conquistados por seu time até agora: Márcio Araújo, ao anunciar tal impossibilidade queria mesmo era tocar os brios dos dois craques.
Tá bom. Agora, me contem outra, pois naqueles primeiros dias de estiagem, ambos chegavam na cara do gol a toda hora. Apenas, a bola refugava a entrar. Era, pois, só uma questão de tempo. Que o próprio tempo resolveu.
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Era tudo o que faltava ao Corinthians, para dar o "start" na cola do Palmeiras, que desgarrava na ponta da tabela: uma goleada estridente (convenhamos que 6 a 2 é um alarido), capaz de soldar a confiança da Fiel no time e do time em si mesmo, posto que mais do que a tempestade de gols, houve um massacre técnico sobre o indefeso São José.
Só faltou o gol de Donizete, protagonista de uma exibição irretocável. Aliás, não faltou. O craque fez o seu, de placa. O juiz foi quem anulou. Pena.

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