São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997 |
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Cora Coralina volta em teatro e cinema
DENISE MOTA
Eles estão sendo transformados em peça de teatro, em São Paulo, e tema de filme, rodado no interior de Goiás. A montagem "Cora Coralina - Pelos Reinos de Goiás" é uma adaptação de Ray Moura, sob direção de Marapuã de Oliveira, para a vida e as poesias de Cora e tem leitura hoje, às 21h, no teatro Ruth Escobar. O espetáculo utiliza composições do cancioneiro de Goiás, tocadas em instrumentos como atabaques e bongôs. O objetivo é recuperar o ambiente doméstico da poetisa que, após ficar viúva, garantiu o sustento da família cozinhando (leia texto abaixo). A peça é baseada na obra "Cora Coragem, Cora Poesia", biografia romanceada escrita pela filha caçula de Cora, Vicência Brêtas Tahan, escritora e professora aposentada que cuida atualmente dos trabalhos de Cora. O livro foi lançado em 1989, pela Global Editora. "Quando a gente é menina, não toma consciência do que os pais estão fazendo. Depois de adulta é que eu fui compreender e comecei a admirar a obra de minha mãe", diz Vicência. Ela prepara o lançamento de um novo livro, "Doces Mensagens", em que reúne receitas de doces utilizadas por Cora Coralina e mensagens que a poetisa escrevia em autógrafos. Tranças Também baseado em Cora Coralina, o cineasta Pedro Rovai dirige "As Tranças de Maria", longa-metragem em fase de finalização que tem como tema um conto homônimo da escritora, retirado do livro "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais". O filme, que está em fase de finalização, deverá ser concluído em maio. A produção custou R$ 1,6 milhão e é protagonizada por Patrícia França. Também estão no elenco os atores Ilya São Paulo, Maria Ribeiro e José Dumont. Patrícia interpreta Maria, a filha de um agregado de fazenda que, na década de 40, é obrigada pelo pai a casar com um homem respeitado, mas que ela não ama. Oprimida, Maria se rebela contra o casamento de conveniência, foge do noivo e "desaparece" em uma vida de introspecção. "O noivo fica louco, o pai fica envergonhado e o dono da fazenda fica furioso", conta Rovai. "A temática de Cora Coralina é isso, é a insubmissão da mulher. 'As Tranças de Maria' é um filme muito poético, mas para manter o espectador preso à trama é complicado, do ponto de vista narrativo. Procuramos então fazer um rendilhado de imagens." Sucuri Na trama, o desaparecimento de Maria gera comentários entre a vizinhança, vira cantiga em porta de igreja e leva o noivo de Maria, vaqueiro temido e conhecido, ao desespero. A introspecção da moça é simbolizada pela personagem sendo engolida por uma sucuri, em uma obediente transposição -em tom de realismo fantástico- do destino de Maria descrito no poema de Cora (leia trecho ao lado). "A cobra é um elemento feminino que simboliza a sabedoria em muitas mitologias", diz o cineasta. "Tenho visto filmes brasileiros que são clones de produções americanas, não quis fazer isso. 'As Tranças' tem uma carga muito brasileira. A paisagem do cerrado é muito amarela, é ensolarada, tem verdade". O quê: Leitura dramática da peça Cora Coralina - Pelos Reinos de Goiás Direção: Marapuã de Oliveira Com: Eliná Coronado, Isabel de Sá, Zodja Pereira Quando: hoje, às 21h Onde: teatro Ruth Escobar - sala Dina Sfat (r. dos Ingleses, 209, tel. 011/289-2358) Quanto: entrada franca Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: PASSAGENS DE CENA Índice |
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