São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Israel retoma contato com palestinos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, retomou o contato com o líder palestino Iasser Arafat e disse a ele que vai manter a construção de um assentamento judaico em Jerusalém oriental.
Eles conversaram por telefone ontem. A construção das 6.500 casas, que deve começar nesta semana, provocou o esfriamento das relações entre palestinos e israelenses nos últimos dias.
Como compensação, Netanyahu autorizou o avião de Arafat a usar o aeroporto de Dahanaieh, na faixa de Gaza, território sob administração dos palestinos.
David Bar-Illan, assessor de Netanyahu, não deu detalhes da conversa, mas disse que ela marcou o reinício do diálogo.
A conversa teve a participação também do rei Hussein, da Jordânia, que ontem esteve em Israel e passou o dia com Netanyahu.
Foi o primeiro encontro do premiê com o rei desde que um soldado jordaniano matou sete meninas israelenses, semana passada.
O clima, segundo relatos de porta-vozes, foi cordial, mas o premiê se manteve irredutível no principal ponto de atrito entre árabes e israelenses nos últimos dias: o assentamento de Har Homa (Jabal Abu Ghneim para os árabes).
"Não há mudança na nossa decisão. Amigos podem concordar ou discordar. Entendemos as preocupações, mas já tomamos nossa decisão", disse Netanyahu após o encontro.
O chefe da polícia israelense, Assaf Hefetz, disse ontem que "sem dúvida" teme uma explosão de violência entre os palestinos por causa das obras.
Em setembro passado, a abertura de um túnel, pelo governo israelense, sob locais sagrados muçulmanos em Jerusalém deu origem a confrontos na Cisjordânia e em Gaza que mataram mais de 70.
Netanyahu foi com Hussein até a localidade Tzefalon, onde o rei fez a primeira de uma série de visitas às famílias das vítimas do ataque do soldado jordaniano. Hussein se ajoelhou em frente ao pai de uma das meninas mortas e disse: "Sua perda é também minha". Netanyahu repetiu o gesto e disse que o rei demonstrou "grande valor".
O crime aconteceu na última quinta-feira, um dia depois de o rei dizer que a construção do assentamento poderia levar a uma onda de violência na região. O sargento Ahmed Moussa Mustafa al Dagamsa atirou em estudantes de 13 e 14 anos que faziam uma visita a uma ilha fluvial na fronteira da Jordânia com Israel, região conhecida como "ilha da paz".
O rei ontem prometeu investigar o ataque, pediu segurança "para todos" e agradeceu à acolhida que teve das famílias que visitou. Em uma casa, foi recebido com pão e sal, símbolo de hospitalidade.
Mas outro líder árabe, o líbio Muammar Gaddafi, deu razão ao militar jordaniano. "Ele não é louco, ele foi enlouquecido pela ocupação (israelense dos territórios árabes)", disse. O jordaniano, que está preso, agiu aparentemente sem motivação política.

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