São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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PC estaria hoje no banco dos réus, diz procurador

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Paulo César Farias provavelmente estaria no banco dos réus na Itália caso não tivesse sido assassinado no ano passado.
"Certamente nós teríamos interesse em ouvi-lo. Ele era ponto final de parte do dinheiro desse esquema de tráfico", disse anteontem o procurador italiano Marcello Maddalena, que comandou as investigações.
Ele reafirmou ontem à agência italiana "Ansa" que PC seria acusado no inquérito policial por participação no esquema de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
"Se Farias fosse vivo, ele seria ouvido como acusado", disse o procurador à agência. Quase todos os acusados acabaram denunciados à Justiça.
"Mas quando ele morreu, paramos de investigar esse filão. Não podemos processar os mortos", explicou Maddalena anteontem.
70 processados
Setenta pessoas estão sendo processadas pela Justiça italiana pelo esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que envolvia o empresário alagoano.
O processo relativo à "Operação Cartagena", o esquema do qual PC Farias participava, está correndo no Tribunal da cidade de Turim (norte da Itália).
"Todos os 70 acusados são italianos", afirmou ontem à Folha o procurador Sandro Ausiello, de Turim, que trabalhou na investigação do caso.
O suíço Angelo Zannetti, operador financeiro e caixa da operação, está sendo processado por lavagem de dinheiro na Suíça.
O principal envolvido, porém, o mafioso siciliano Alfonso Caruana, radicado na América Latina, está foragido.
Ele é acusado por Zannetti de ser o mentor do esquema. Segundo a Justiça italiana, era ele que tinha controle sobre toda a operação e conhecia todos os envolvidos.
Segundo o procurador Maddalena, há três hipóteses para a participação de PC Farias: "Ele poderia ser um participante no tráfico, ou um lavador de dinheiro, mais ou menos consciente, ou ainda ambos, financiador e lavador", disse.
Os depósitos nas contas de PC teriam sido feitos a partir do final de 93, um ano após o impeachment do presidente Fernando Collor.
Para o procurador italiano, para se definir exatamente qual o papel de PC na operação de tráfico, seria precisa ter acesso a todas as contas do empresário no mundo, para ver como eram movimentadas.

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