São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Rio+5 acaba em crise e sem consenso

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O encontro ambientalista Rio+5 terminou em crise. Documento final de 11 páginas intitulado "Da Agenda a Ação", com o resumo das discussões dos grupos de trabalho da reunião, foi rejeitado por entidades de várias partes do mundo.
O conteúdo foi criticado por ser genérico demais e não contemplar pontos discutidos nos encontros setoriais. Algumas pessoas, em protesto, chegaram a rasgar cópias do documento final.
Representantes de ONGs (organizações não-governamentais) reclamaram também que a organização foi muito confusa. Grupos de jovens distribuíram nota afirmando que não se sentiram representados na Rio+5.
Para tentar apagar o incêndio, os organizadores do encontro -que reuniu cerca de 500 pessoas de várias partes do mundo, de quinta passada até ontem- cancelaram o relatório final, propondo uma nova redação para daqui a dez dias.
O "Da Agenda a Ação" foi idealizado para conter recomendações de ações práticas para que a Agenda 21 -documento aprovado na Eco-92- fosse implementada pelos países.
Junto com a Carta da Terra -documento de princípios éticos e morais finalizado anteontem na Rio+5-, o "Da Agenda
a Ação" ficou de ser encaminhado para a ONU, que em junho, que fará um balanço oficial da Eco-92.
No entanto, o presidente da ONG Conselho da Terra, o canadense Maurice Strong, afirmou que o documento criticado "não era para ser definitivo".
"A Rio+5 começou com muito caos, mas a partir desse caos forjamos alguns instrumentos para a ação", disse Strong. Uma comissão foi formada para elaborar a nova versão para o documento.
Roberto Guimarães, da Cepal (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe), disse que os relatórios dos grupos setoriais não foram adequadamente resumidos.
Ele não gostou do tom genérico do resumo. "O documento recomenda, por exemplo, a inclusão do conceito de desenvolvimento sustentável na discussão da previdência social. Mas, como fazer isso? Com que mecanismos?"
O presidente da ONG brasileira IED (Instituto de Ecologia e Desenvolvimento), Liszt Vieira, afirmou que os relatórios dos grupos eram mais críticos. "Os relatórios criticavam a economia de mercado. O resumo final não fala disso."
Para a chilena Sara Larrain, da ONG Renace, a pauta do encontro foi genérica e os temas não puderam ser aprofundados.
Apesar das críticas, houve consenso ao se concluir que a Rio+5 representou um avanço político já que, primeira vez, colocou lado a lado setores governamentais, empresariais e ONGs para discutir seus pontos de vista.

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