São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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"Guerra" ainda conserva a Força

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

É difícil entender "Guerra nas Estrelas" sem passar pela chamada "geração das escolas", um grupo de jovens diretores que, no início dos anos 70, dispôs-se a transformar Hollywood.
Nesse grupo hoje ilustre (Coppola, Scorsese, De Palma, Spielberg), George Lucas destacou-se pelo sucesso de "American Graffiti".
Mas "Guerra nas Estrelas" foi o achado que marcou sua carreira.
O filme tem o espírito de aventura capaz de mobilizar o adolescente, a candura que encanta os pré-adolescentes, a solidez que seduz os adultos. E dá, a todos, espetáculo: a sensação de ver o antes nunca visto, de ver algo que não se pode ver -a não ser no cinema.
Lucas não teve medo de revisitar a tradição. Assim, Han Solo (Harrison Ford), o mercenário das galáxias, exala um cinismo digno do Humphrey Bogart de "Casablanca". O robô C3PO mais parece uma síntese futurística do Homem de Lata com o Leão covarde de "O Mágico de Oz". A princesa Leia (Carrie Fisher) parece saída de algum velho "Flash Gordon".
"Guerra nas Estrelas" foi à história do cinema para ser contemporâneo de si mesmo. Como Luke Skywalker, herdou "a Força". E, num tempo de iconoclastia, reencontrou a inocência do espetáculo e, com ela, certa inocência de ser.
Hoje, não chega a ser espantoso que essa "Edição Especial", deixe a platéia de queixo caído.
O espectador não tem a impressão de estar vendo um velho sucesso restaurado e recauchutado. A sensação é, aliás, inversa: "Guerra nas Estrelas" é que parece o filme novo; velhas são as diluições tipo "Independence Day".
É verdade que Lucas fez algumas mudanças na imagem que não alteram substancialmente nada, mas têm o inconveniente de introduzir seres que pertencem a outro mundo, à tecnologia dos anos 90.
Lucas diz que, desde sempre, queria fazer o filme assim. Pode ser. O fato é que, como ficou, existe um conflito -felizmente rápido- entre duas eras da tecnologia das trucagens, ao mesmo tempo em que a aridez da sequência acaba um pouco dispersa.
Nada grave, em todo caso. A rigor, essas novidades têm a vantagem de comprovar que os seres criados no "Guerra nas Estrelas" original continuam jovens e vivos. E que o filme tem um lugar na história.

Filme: Guerra nas Estrelas
Produção: EUA, 1977
Direção: George Lucas
Com: Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Alec Guinness Quando: pré-estréia hoje, nos cines Belas Artes/Villa-Lobos, Eldorado 4 e circuito; amanhã, também nos cines Marabá, Bristol e circuito

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