São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Refugiados levam Itália à emergência

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Itália decretou estado de emergência devido à maciça imigração de albaneses que fogem da situação caótica em seu país. Mais de 10 mil refugiados cruzaram os cerca de 60 km de mar que separam os dois países em uma semana.
O estado de emergência dura até 30 de junho e vai permitir ao governo ter acesso a US$ 36 milhões reservados, entre outros itens, para a assistência a refugiados.
Entre 13 de março e 7h (3h em Brasília) de ontem, os portos do sul da Itália já haviam recebido 10.619 refugiados -o triplo do que esperavam quando a crise começou. Em 1991, após a queda do regime stalinista na Albânia, a Itália recebeu 40 mil albaneses.
Postos de fronteira em outros países, como a Alemanha, foram instruídos a reforçar a segurança contra albaneses que tentem migrar para o norte da Europa.
O gabinete italiano se reuniu para decidir que refugiados "autênticos" poderiam ficar na Itália por no máximo três meses, mas os criminosos albaneses que aproveitaram o caos para fugir do país serão repatriados.
O Ministério do Interior disse que 289 "indesejáveis" já foram levados do porto de Brindisi, sul do país, para a capital albanesa, Tirana, em três helicópteros.
A Albânia mergulhou em um estado de pré-guerra civil por causa dos protestos populares -que depois se tornaram uma insurgência armada- contra a quebra do sistema financeiro do país.
Grande parte da população perdeu dinheiro em um esquema chamado de "pirâmides", que prometia lucros altos e rápidos.
Na confusão que se seguiu, os rebeldes tomaram cidades importantes do sul do país, saquearam quartéis e chegaram a agir em Tirana. Os guardas carcerários desistiram de vigiar as principais cadeias do país e permitiram uma fuga em massa.
Os conflitos agora são mais moderados e o governo parece voltar a controlar parcialmente a situação. Mas ainda ontem 15 pessoas morreram em oito cidades, em tiroteios, vítimas de balas perdidas ou com a explosão de uma granada. Desde que os conflitos se tornaram violentos, já houve 110 mortos e 650 feridos.
O primeiro-ministro do país, Bashkim Fino, vai hoje a Gjirokastër (cidade sob poder rebelde no extremo sul) para tentar negociar com os rebeldes. Fino, socialista, está no governo como parte de um acordo político entre a oposição e o presidente Sali Berisha, direitista. Os rebeldes exigem a demissão de Berisha.
Tirana fez ontem um protesto formal contra o governo da vizinha Grécia, que enviou o vice-chanceler, Jorgos Kanidhiotis, para uma reunião com os amotinados em Gjirokastër.
O premiê Fino permitiu ontem que a emissora de rádio britânica BBC retome sua programação em frequência modulada, em albanês e inglês, no país. A rádio saíra do ar como parte das medidas de emergência de Berisha.

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