São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Split fez operações com a Paubrasil

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Suspeito de envolvimento no esquema de compra e venda de títulos para pagamento de precatórios (dívidas judiciais), o empresário Enrico Picciotto, da Corretora Split, confirma ter recebido cheques do esquema Paubrasil.
"No mercado financeiro, recebemos cheques de terceiros, sem saber de quem está vindo", afirma Picciotto. Por causa disso, quatro cheques da Paubrasil, totalizando US$ 330 mil, foram depositados na conta da Split.
O depósito ocorreu em 1992. A Paubrasil era uma empresa que arrecadava dinheiro de empresários para as campanhas eleitorais de Paulo Maluf. Na campanha de 1990 (governador) e 1992 (prefeito), chegou a arrecadar cerca de US$ 20 milhões.
A Paubrasil pertencia ao pianista João Carlos Martins, amigo de Maluf. Na época da operação, a legislação proibia que empresas fizessem doações para campanhas eleitorais. Quase todo o dinheiro era de "caixa dois" de empresas.
Picciotto nega que seja amigo de Maluf. Segundo ele, uma única vez ele participou de um jantar em que o ex-prefeito estava presente. Diz que também não conhece o atual prefeito de São Paulo, Celso Pitta.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, Picciotto diz ser apenas uma "coincidência" o fato de a corretora Split aparecer tanto no caso Paubrasil como na venda de títulos públicos. Em ambos, Maluf é suspeito de estar por trás da montagem desses esquemas.
A versão de Picciotto é semelhante à do antigo dono da Paubrasil. Segundo Martins, ele também não tinha controle sobre cheques emitidos por sua empresa.
Entre 1990 e 1992, ele diz ter emitido entre 2.0000 a 3.000 cheques. Segundo Martins, cheques emitidos em nome de terceiros acabaram sendo repassados para corretoras. Martins emitia cheques em valores que variavam do equivalente a R$ 20,00 a R$ 200 mil.
Devido aos cheques da Paubrasil, Picciotto depôs na Polícia Federal, em 1993. Ele disse que os cheques da Paubrasil foram utilizados na compra de ouro ou em aplicações financeiras.
Na mesma época dos cheques da Paubrasil, a Split operou com a Cross Corporation, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e ligada ao esquema financeiro de PC Farias.
Uma segunda empresa do esquema PC, a Swift Corporation, operou financeiramente com a Split.

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