São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Brinquedos acalmam garoto com autismo

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos clientes mais populares da brinquedoteca da Psiquiatria Infantil do HC é H., 8.
Ele é um autista, ou seja, sofre de uma síndrome que o faz viver em um mundo criado por ele mesmo. O grau de sua doença, no entanto, permite que ele se comunique com as outras pessoas.
Segundo Ligia Helena Pagan, responsável pela brinquedoteca, no início, H. era agressivo. "Aos poucos foi se acalmando, mas na presença de estranhos pode mostrar um comportamento diferente", afirma.
Durante o tempo em que a reportagem da Folha esteve no instituto e observou H., ele ficou arredio e balançou um boneco do personagem Fofão.
Segundo Francisco Assumpção Jr., diretor da Psiquiatria Infantil, é comum os autistas adotarem movimentos repetitivos.
Mas Fofão não é o brinquedo predileto de H., segundo Ligia. Sua paixão são as fitas cassete. A brinquedoteca possui um pequeno gravador e uma caixa com fitas gravadas.
Para H., colocar as fitas e tirá-las do gravador rapidamente é a sua fixação. Para outros autistas, os objetos de fixação são outros.
"Gostoso!"
"A primeira vez que H. veio à brinquedoteca, parou logo na porta e olhou para tudo muito cuidadosamente. De repente, olhou para mim e disse: 'Gostoso!'. Ele entendeu que este era um lugar para se divertir", diz Ligia.
A pedagoga diz que ele já consegue parar de pôr e tirar fitas no gravador e prestar atenção à música que está tocando.
"Acho que, se dermos mais algum tempo a ele, H. vai até aprender a eleger as músicas que prefere."
(NR)

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