São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Informações distorcidas; Provão; Modelo e cópia; Bom humor matinal

Informações distorcidas
"Sobre a reportagem 'Prefeitura quer fazer piscinões sem licença' (19/3), assinada pelo jornalista Fabio Schivartche (19/03): não é a primeira vez que esse funcionário da Folha distorce, omite e tripudia sobre informações que a ele prestamos.
O 'jornalista' procurou nossa Assessoria de Imprensa para uma entrevista sobre o caso dos piscinões a serem construídos nas cabeceiras da bacia do córrego Aricanduva.
Busquei as últimas informações sobre o assunto junto às áreas técnicas da Secretaria e me dispus a prestar os esclarecimentos pleiteados.
E, embora a conversa tenha sido até longa, o descalabro do que saiu na edição de 19/3 coloca em dúvida não apenas os aspectos técnicos da formação do 'jornalista', mas os outros que considero fundamentais na formação de todo e qualquer ser humano: a ética e o caráter.
Expliquei ao 'jornalista' que:
- uma das margens do córrego Aricanduva encosta nos limites da Área de Proteção Ambiental (APA) do Carmo;
- que não haverá escavações para formar o piscinão na margem voltada para a APA do Carmo;
- que a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, após exame dos Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais no âmbito do Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), concedeu Licença Ambiental Prévia (LAP) ao Procav 2 (Projeto de Canalização e Recuperação Ambiental de Fundos de Vale - zonas norte e leste);
- que, agora, a cada projeto executivo para os córregos deve ser expedida a segunda licença ambiental, a Licença Ambiental de Instalação (LAI);
- que, no caso, por se tratar de uma obra com interferência, mínima que seja, em uma área de proteção ambiental, o Departamento de Controle da Qualidade Ambiental, da secretaria, não concedeu a LAI e encaminhou o assunto para manifestação do Conselho Consultivo da APA do Carmo;
- que o assunto estava sendo tratado no âmbito do Conselho Gestor da APA, instalado em janeiro último, Conselho esse que conta com representantes da prefeitura, e que a totalidade do Conselho está a favor da realização das obras, estando no momento discutindo e elegendo as medidas compensatórias a serem solicitadas junto à Secretaria Municipal de Vias Públicas para a realização da obra;
- expliquei, também, que estava havendo tratativas com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado, no sentido de que este órgão recepcionasse o parecer do Conselho da APA, fazendo com que o assunto tenha tramitação urgente, para que essas obras possam ser executadas e produzir seus efeitos benéficos já na próxima estação das chuvas;
- que, tão logo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado se manifeste, concordando com o parecer do Conselho da APA do Carmo, o assunto voltará para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e o seu Departamento de Controle da Qualidade Ambiental estará em condições de expedir a competente Licença Ambiental de Instalação para início das obras que, repito, são de enorme importância social para a região.
Contudo nada disso foi explicado pelo 'jornalista' que, assacando da sua prerrogativa de escolha das informações coletadas, deturpou o que foi dito, 'comprando' de antemão a versão daquela corrente política que 'vendeu' a pauta a ele, 'julgando' a prefeitura como descumpridora da legislação ambiental.
Esse tipo de cobertura, que denomino de 'nervosa' e 'apressada', tem trazido enormes prejuízos à imagem da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e ao trabalho em defesa da causa ambiental na cidade que nos propusemos a fazer, desde a sua criação, em 1993."
Werner Eugênio Zulauf, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Fabio Schivartche - Na entrevista concedida, o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Werner Zulauf, disse que a obra de construção dos piscinões não precisaria de autorização do Estado.

Provão
"Ao acompanhar as notícias veiculadas por este jornal referentes ao resultado do exame de final de curso, feito pelo MEC, gostaríamos de externar a nossa preocupação com a formação de quadros qualificados exigidos para a inserção do país no mundo atual.
O resultado do exame não surpreende na medida em que praticamente toda a atividade de pesquisa do país é desenvolvida em universidades estatais.
Fica claro que só há ensino de qualidade onde existe um corpo docente qualificado e atualizado pelo engajamento diuturno na geração de novos conhecimentos.
Admitir que basta suprir as instituições de ensino com equipamentos para melhorar a qualidade de ensino é ignorar toda a experiência acumulada pelas grandes universidades do mundo.
A política de desqualificação das universidades estatais não constrói, na medida em que provoca a desmotivação de quantos naquelas instituições dedicam a sua competência e dedicação à formação das novas gerações de brasileiros."
Sérgio Henrique Ferreira, presidente da SBPC -Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (São Paulo, SP)

Modelo e cópia
"Luís Nassif expressou na edição de 7/3 seu temor de que o Brasil fosse 'tornar-se um imenso Paraguai' por causa da bandalheira dos precatórios.
Dias antes Clóvis Rossi alertou para a 'paraguaização' por causa da obsessão continuísta de FHC. Mas o ponto de partida está errado.
Em tudo isso, o Paraguai é em grande medida um reflexo do Brasil. O continuísmo do general Stroessner (supremo ditador entre 1954 e 1989) deveu-se em boa parte aos governos brasileiros que o orientaram e protegeram todos esses anos.
O país transformou-se em um antro de contrabando não por conta de 'muambeiros' avulsos, mas graças a poderosas redes de contrabandistas cujos cabeças tem RG e CIC brasileiros.
O capital financeiro ligado à corrupção originou-se no Paraguai com o financiamento das obras de Itaipu, seguindo os passos do governo militar brasileiro da época.
Aliás, essa sina de ditaduras e corrupção persegue o país desde que o Brasil, aliado à Argentina e ao Uruguai, venceu a aqui apelidada 'Guerra do Paraguai' (1864-1870) e lhe impôs um regime político de acordo com seus interesses.
É hora de os articulistas brasileiros ficarem horrorizados com a verdadeira cara do Brasil e deixarem de assustar seus leitores com os espectros de outros países da América Latina."
Gustavo Codas Friedmann, correspondente no Brasil do jornal "Diário Notícias", de Assunção, Paraguai (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luís Nassif - O colega tem razão.

Bom humor matinal
"É só alegria para quem passa de manhã embaixo da ponte Cidade Jardim (sentido Eusébio Matoso).
Um marronzinho muito simpático e alto astral comanda o trânsito no maior bom humor.
Ele não se acanha em meio a tantas buzinas; cumprimenta a todos na maior empolgação! Que maneira gostosa de começar o dia!"
Regina Moraes (São Paulo, SP)

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