São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997
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Audi fará campanha do carro produzido no Brasil

Empresa quer mostrar que não há diferença com modelo alemão

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DE COLÔNIA

A Audi vai tentar provar ao consumidor brasileiro que um carro nacional pode ser tão bom quanto um importado.
Ou, pelo menos, que seu modelo A3 a ser fabricado no Brasil a partir de 1999 será idêntico ao que sai da linha de produção em Ingolstad, sede da empresa, na Alemanha.
Esse tabu do mercado brasileiro, quase incompreensível para a mentalidade alemã, foi detectado pelo representante local da marca, a Senna Import.
E deverá fazer com que a Audi banque uma grande campanha publicitária para atestar a excelência dos 30 mil carros que espera produzir em Curitiba.
O marketing da empresa é desenvolvido em parceria com agência paulista Almap/BBDO.
A construção da fábrica na capital paranaense deverá ser iniciada nos próximos meses. A inauguração está prevista para final de 98.
"Vamos mostrar que a tecnologia e os procedimentos empregados nessa nova fábrica serão de última geração", afirma Jurgen de Graeve, diretor de comunicação corporativa da empresa.
Ele diz que a empresa quer provar que é possível fabricar um produto no Brasil "tão bom quanto os que são importados".
O grande trunfo da Audi para defender essa idéia de qualidade sem fronteiras é a globalização da economia, completa o diretor.
No caso do A3 nacional, 40% das peças deverão ser provenientes de fábricas no exterior. De Ingolstad, por exemplo, virão chapas prensadas para compor a carroceria.
Mesmo os modelos importados são compostos por peças de várias procedências. Boa parte dos motores vem da unidade da empresa instalada na Hungria.
O movimento de globalização fez com que a Audi, nos últimos anos, abrisse filiais em diversos pontos do globo. Além de Brasil e Hungria, a empresa já se instalou na África do Sul, Malásia, Indonésia, Filipinas e China.
Abertura da economia
A empresa diz que sua presença no Brasil é explicada, em parte, pela abertura das economias dos países sul-americanos. E também pelo fato de a região, ao lado do sudeste asiático, ser o mercado que apresenta maior possibilidade de expansão para a indústria automobilística.
Dados da Audi mostram que a taxa mais alta na América do Sul de pessoas que têm automóveis é a da Argentina, com 150 carros para cada 1.000 habitantes.
Nos EUA, esse número é chega a 500. No Brasil, é de apenas 88.
Ainda no caso brasileiro, a expectativa da empresa é que o mercado supere a marca de 1,5 milhão de carros vendidos em 97 e que ultrapasse os 2 milhões em 2005.
O maior crescimento se daria na classe A (padronização européia), onde se encontra o A3, o compacto BMW, o Volkswagen Golf e o futuro A-Klasse, que a Mercedes lança neste ano na Europa e que também será fabricado no Brasil. De 400 mil unidades vendidas em 96, saltaria para 1,3 milhão em 2005.
Apesar da presença de marcas coreanas e japonesas no mercado brasileiro de carros de alto luxo, a Audi fixou duas empresas como concorrentes: as também alemãs BMW e Mercedes-Benz. A estratégia da empresa se completa agora com o lançamento do modelo A6 no mercado europeu, que deverá concorrer com o BMW 5er e o Mercedes-Benz E-Klasse.

O jornalista José Henrique Mariante está na Alemanha como bolsista do IJP (Internationale Journalisten-Programme)

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