São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Preços altos animam colheita em Barreiras

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BARREIRAS (BA)

A região de Barreiras (855 km a oeste de Salvador) deve colher este ano cerca de 800 mil t de soja, segundo estimativas da Coaceral (Cooperativa Agrícola do Cerrado do Brasil Central).
A expectativa de colheita na Bahia é 15% superior à safra de 96.
"As chuvas regulares e o aumento do preço da soja estimularam os produtores", diz o gerente comercial da Coaceral, Jorge Yoshio Sasaya.
Escassez
Os produtores estimam que na época da colheita (início de abril até a primeira quinzena de maio) a saca da soja (60 quilos) deva ser comercializada por R$ 15.
No mesmo período do ano passado a saca foi vendida por R$ 12. "A falta do produto nos mercados local e internacional contribuiu decisivamente para o aumento do preço", diz Sasaya.
Segundo a Coaceral, 90% da produção do oeste baiano é comercializada na própria região. O restante é vendido basicamente em Minas Gerais e Brasília.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a área cultivada de soja em Barreiras atinge 430 mil ha.
"Os produtores da região têm em média 900 ha de lavoura", diz José Carvalho Costa, coordenador da cooperativa.
Confiantes
Os sojicultores de Barreiras também estão confiantes em relação à produtividade. Nas últimas três safras, a média foi de 40 sacas por ha (grandes produtores).
"A tendência é manter ou aumentar um pouco essa produtividade", afirma Sasaya. Do preparo da terra à colheita, a produção de soja é totalmente mecanizada no oeste baiano.
"Os produtores têm um gasto mínimo de US$ 300/ha", calcula o administrador da fazenda Poleto, Celso Sanderson. Localizada no distrito de Mimoso do Oeste (90 km de Barreiras), a fazenda tem 5.500 ha, dos quais 2.750 ha com soja.
A média de produtividade na fazenda Poleto, segundo Sanderson, é de 37 sacas por ha.
O secretário estadual da Agricultura, Pedro Barbosa de Deus, diz que as chuvas regulares e os programas de assistência técnica possibilitaram o aumento da safra de grãos este ano na Bahia.
Além do crescimento na safra de soja, Pedro Barbosa prevê aumento na produção de mamona e algodão.
150 mil empregos
Na safra 95/96, a Bahia colheu pouco menos de 40 mil t de mamona. "Para esta safra estamos projetando uma colheita de quase 125 mil t", afirma o secretário.
A safra de algodão também deve aumentar 30% em relação à de 96.
Em 96, foram colhidas pouco mais de 150 mil t. Para este ano, os produtores trabalham com estimativa de 196 mil t.
Segundo o secretário, somente com a mamona e o algodão foram gerados cerca de 150 mil empregos diretos.
O vice-presidente da Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia), Sérgio Pitt, diz que a maioria dos produtores de soja na região está descapitalizada.
Pitt calcula que a dívida média dos grandes produtores seja de R$ 1 milhão.
"Juros altos e as longas estiagens deram constantes prejuízos aos sojicultores."
Para ele, a maioria dos produtores deve aproveitar a boa safra deste ano para amortizar a dívida.

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