São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Venda à vista ganha fôlego no comércio

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior cautela do comércio para a liberação do crédito ao consumidor -por conta do risco da inadimplência- já começa a dar mais fôlego à venda à vista.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informa que, do dia 1º a 23 deste mês, o número de consultas ao Telecheque -termômetro da venda à vista- aumentou 17,05%.
Tradicionalmente, diz Emílio Alfieri, economista da associação, esse crescimento é de 12%, no período. No ano passado foi de 12,3%. "A inadimplência propiciou aumento na venda à vista."
O número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) -indicador da venda a prazo- cresceu até mais -19,95%- do que o número de consultas ao Telecheque do dia 1º a 23 deste mês, sobre igual período do mês passado.
Só que, historicamente, conta Alfieri, esse crescimento é de 25%, no período. No ano passado foi de 25,3%. "O número de consultas ao SPC está abaixo do normal e ao Telecheque, acima."
Grandes redes de lojas, que têm boa parte da venda feita no crediário, confirmam que estão incentivando a compra do cliente em prazos mais curtos e à vista.
O Magazine Luiza, por exemplo, está colocando diariamente em promoção 200 itens para pagamento em curto prazo ou à vista.
Hoje, por exemplo, a rede de lojas anuncia ofertas de fogões (R$ 159 à vista), jogos de panela (R$ 59) etc. Ontem, a empresa comercializou uma linha de televisores em cores em dez pagamentos, com juros de 3% ao mês.
Eldo Moreno, diretor do Magazine Luiza, diz que a inadimplência está estabilizada e não preocupa. "O que acontece é que a venda está fraca e estamos fazendo um esforço promocional fora do comum para faturar."
A mudança do pagamento a prazo para a compra à vista deve se acentuar, na análise de Mônica Hage, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP).
"Essa migração é lógica. É que a concessão de crédito está muito mais seletiva do que há um ano."
Pelo levantamento da ACSP, a procura pelo crediário continua maior do que a do ano passado. Do dia 1º a 23 deste mês, o número de consultas ao SPC cresceu 45,7% sobre o do ano passado.
"É que a base de comparação continua fraca", explica Alfieri. No caso do Telecheque, o crescimento é 17,05%, no período.
Nos cálculos da FCESP, a venda física do comércio paulista deve crescer 13% neste mês, na comparação com março do ano passado. O faturamento real deve subir 4%, no período. Sobre o mês passado, a venda física deve aumentar 12%, e o faturamento real, 11%.

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