São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Bamerindus deve ter uma solução nos próximos dias

Uma das alternativas é intervenção seguida de venda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma solução para o Banco Bamerindus pode sair nos próximos dias. O Banco Central está finalizando uma proposta de saneamento das contas da instituição.
Segundo a Folha apurou, uma das hipóteses em cogitação é uma saída nos mesmos moldes do Banco Nacional. O Bamerindus sofreria uma intervenção do BC e seria vendido em seguida -no caso, para uma instituição estrangeira.
O senador José Eduardo de Andrade Vieira, licenciado da presidência do banco, está negociando com os técnicos do BC, desde abril do ano passado, uma saída.
Andrade Vieira tem insistido em uma solução rápida para evitar que a instituição perca credibilidade diante do público.
A proposta que o senador elaborou para ser levada ao BC inclui a venda da carteira imobiliária e de títulos públicos.
O banco avalia em R$ 2,3 bilhões a carteira imobiliária, que inclui os títulos do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais).
A CEF aceita comprar a carteira apenas se o governo liberar recursos do Proer (programa de socorro aos bancos).
O BC, no entanto, só quer liberar recursos do programa se houver uma mudança imediata do controle societário.
Para pagar o débito, o Bamerindus dispõe ainda de R$ 500 milhões em títulos federais e R$ 800 milhões em títulos estaduais.
Fechando essa conta, o banco teria um saldo positivo de R$ 900 milhões, permitindo que o banco reconquiste os grandes clientes, que desde julho de 95 abandonaram seus negócios na instituição.
A questão é que o BC quer a venda imediata do banco, enquanto Andrade Vieira quer primeiro recuperar as finanças para conseguir um bom preço depois.
Rolagem diária
O Bamerindus tem recorrido ao redesconto (empréstimo do BC) e interbancário (entre bancos) para fechar diariamente seu caixa.
Com o BC, esse empréstimo acumulado chega a R$ 1,2 bilhão. Com a CEF (Caixa Econômica Federal), a R$ 1,5 bilhão.
O banco paga um juro alto por esses recursos, acima do que obtém com a aplicação de seus ativos.
Isso significa que, a cada dia, a dívida do Bamerindus cresce mais. O patrimônio é de R$ 1,3 bilhão.
O banco ainda não divulgou o balanço do ano passado. É que a diretoria está esperando a definição do acordo para depois mostrar os números, que não serão bons.
Mesmo assim, a diretoria decidiu dar aos empregados 35% de abono, em março.

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