São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Mostra traz peças indígenas de 200 anos

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Chegam hoje a Manaus as 250 peças indígenas do século 18 que farão parte da exposição "Memória da Amazônia", entre 3 de abril e 3 de junho, no Centro Cultural Rio Negro.
As peças -avaliadas em R$ 5 milhões- foram coletadas pelo naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira, em viagem, a serviço da coroa portuguesa, entre 1783 e 1792. O material pertence à Universidade de Coimbra e ao Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.
Para o historiador Geraldo Pinheiro, diretor do Museu Amazônico da Universidade do Amazonas, a exposição permitirá o contato dos habitantes da Amazônia com expressões de sua cultura que já não existem.
"Praticamente todas as peças indígenas recolhidas por naturalistas na Amazônia nos séculos passados estão fora do Brasil", diz.
Doze máscaras feitas pelos índios jurupixuna, já extintos, deverão ser a sensação da exposição.
As máscaras, de formatos zoomórficos, têm entre 25 e 52 centímetros de altura e eram usadas pelos índios em suas festas.
Além das máscaras, também se destaca um troféu dos índios mundurucus, feito a partir de inimigos mortos e mumificados.
Também haverá flautas sagradas, arcos, flechas e outros objetos, em sua maioria de índios da etnia maué.
Com esse objetivo, os índios tucanos e uaimiri-atroari construíram duas malocas (edifício central das aldeias), nos fundos do palácio Rio Negro.
Essas malocas deverão abrigar oficinas em que os visitantes poderão conhecer a aprender a fazer artesanato e pinturas indígenas.
Para a abertura da exposição já está confirmada a presença do ex-presidente de Portugal Mário Soares, que se empenhou para a viabilização da mostra.
O evento é patrocinado pelos ministérios da Cultura, do Meio Ambiente, da Educação, pelo Banco do Brasil e pelo Governo do Amazonas. Segundo o Itamaraty, a exposição inaugura as comemorações do quinto centenário do descobrimento do Brasil.
Diário
Durante a exposição será relançado o diário da expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira.
Após concluir a faculdade de filosofia em Coimbra, aos 28 anos, Rodrigues foi escolhido pela Coroa Portuguesa para fazer um levantamento das riquezas e dos recursos naturais da Amazônia.
Em nove anos de viagem, ele percorreu 40 mil quilômetros pelos rios da região. Ao todo, o naturalista escreveu 57 obras sobre a viagem, mas morreu em 1815 sem ver o trabalho publicado.
Para a exposição, o antigo palácio Rio Negro -que pertenceu a barões da borracha e foi sede do governo até 96- recebeu reformas especiais. "Isso abre caminho para que exposições de outros acervos, espalhados pela Europa, possam acontecer", diz Pinheiro.

Exposição: Memórias da Amazônia
Onde: Centro Cultural Rio Negro
Quando: de 3 de abril a 3 de junho
Quanto: R$ 2, R$ 1 (para menores) e grátis para estudantes

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