São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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SDE investiga alta de preço do cimento

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A SDE (Secretaria de Direito Econômico) abriu ontem investigação preliminar contra os grupos Votorantim, Atalla e Holdecin (holandês) por suposta formação de cartel (união de empresas para manipular preços) e aumento abusivo de preços.
O secretário Aurélio Wander Bastos notificou as empresas e elas têm 15 dias para responder e apresentar documentação.
A investigação foi solicitada pelos Sinduscons (Sindicato da Indústria da Construção) de Goiás, Paraná e Distrito Federal.
Eles apresentaram cópias de notas fiscais, mostrando que o preço do saco de 50 kg subiu de R$ 3,50, em maio do ano passado, para R$ 5,84, em janeiro deste ano. O aumento foi de 66,85%.
"Apesar dos indícios de aumento abusivo, não vamos abrir já um processo administrativo, porque as provas foram apresentadas em fotocópia", disse Bastos.
Foi pedida às empresas a apresentação dos originais das notas fiscais de venda. Segundo o secretário, o aumento acima de 60% não se justifica, já que a inflação no período foi inferior.
Alíquota de importação
Ele disse que esse comportamento das empresas deve ser justificado pelo aumento da alíquota de importação do cimento.
Em 92, o preço do cimento chegou a US$ 7 o saco. Os consumidores começaram a importar o produto. A tarifa de importação era zero. Depois, o preço no mercado interno caiu e, com o Plano Real, chegou a R$ 3,50.
O governo decidiu fixar a alíquota para as compras externas em 4%. A taxa maior desestimulou a importação. As construtoras voltaram às compras no mercado interno.
Os preços novamente subiram e os sindicatos acusam os fabricantes de alinhamento de preços, isto é, indústrias diferentes fixando o mesmo preço ao consumidor.
A SDE também investiga a compra da fábrica de cimento Itambé, do Paraná, por uma suposta subsidiária do grupo Votorantim, a Silkar. Segundo Bastos, a compra permite o domínio de mercado no Estado.
Votorantim
A direção da Votorantim diz estar analisando as denúncias feitas à SDE. Segundo a empresa, os preços do cimento em fevereiro de 97 e julho de 94, início do Plano Real, são praticamente os mesmos. Um saco de 50 quilos, que chegava ao consumidor de Goiás, por exemplo, por R$ 5,30, em julho de 94, no mês passado custava R$ 4,50.

Colaborou a Reportagem Local

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