São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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Déficit faz governo restringir importações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL; DA REDAÇÃO

O governo adotou ontem medidas para conter as importações financiadas em até 360 dias.
A iniciativa deverá contribuir para reduzir o déficit comercial, que pode ultrapassar US$ 3 bilhões só neste primeiro trimestre.
O governo vinha insistindo em que não seria necessário tomar providências para conter o rombo.
O anúncio foi feito após o governo informar que o déficit continua crescente. Em três semanas de março chegou a US$ 819 milhões.
Os importadores terão agora que fechar contratos de câmbio quando a mercadoria comprada for desembaraçada nos portos. Na prática, isso significa que o importador terá que pagar essa compra à vista.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, disse que a medida terá efeitos na balança comercial. "Pode atingir de certa forma os bens de consumo. Não dá para saber o impacto, mas ele será significativo."
Segundo Gustavo Franco, a medida vai dar maior competitividade ao produto nacional.
Roberto Giannetti da Fonseca, da Silex, empresa de comércio exterior, acredita que haverá queda física das importações em dois ou três meses, mas ao custo da redução das reservas cambiais.
Giannetti diz que não se surpreendeu com a medida porque, como a abertura comercial é irreversível e não se pensa em mexer no câmbio, o governo não teria outra opção para conter o déficit.
No mercado financeiro, acredita-se que a medida irá aumentar a demanda por dólares, já que os importadores precisarão pagar os produtos de uma vez.
Para o consumidor, a restrição ao financiamento das importações pode significar produtos mais caros, se o ônus imposto for repassado aos preços.
Estão fora dessa regra os pagamentos de mercadorias embarcadas até 31 de março, as importações de petróleo e derivados e as compras inferiores a US$ 10 mil.
O governo enviou ao Congresso medida provisória que vai estabelecer multa aos importadores que não pagarem seus contratos de financiamento no prazo.

Colaboraram a Reportagem Local e a Redação

LEIA MAIS sobre comércio exterior na pág. 2-11

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