São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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Mecânico é barrado nos boxes da Lola

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O mecânico João Carvalho de Souza, 27, viveu ontem momentos de euforia e tensão no autódromo.
Habituado ao trabalho em corridas -trabalha em um oficina de preparação de carros em Interlagos-, conseguiu uma vaga como free-lancer na equipe Lola.
"Já havia trabalhado nos últimos quatro anos para a Arrows", disse Souza. "Neste ano, consegui uma vaga em outra equipe."
Para conseguir o trabalho, Souza chegou cedo ao autódromo.
Com uma revista de carros de competição embaixo do braço, conversou com mecânicos da McLaren e Arrows.
Por fim, encontrou uma pessoa conhecida na Lola, que lhe ofereceu o serviço.
Para trabalhar na equipe durante os GPs do Brasil e da Argentina, Souza receberia R$ 2.500.
"Foi mais ou menos o que recebi trabalhando no ano passado."
Seu trabalho ficaria restrito a calibrar e aquecer pneus, o que ele diz ser sua especialidade.
Ontem, enquanto a equipe começava a montagem dos carros, Souza ajudou a abastecer o freezer dos boxes, carregando caixas de refrigerantes.
'Penetra'
Logo no seu primeiro dia de trabalho, no entanto, Souza foi confundido com um "penetra".
O segurança Jorge Teófilo tentou retirá-lo da área dos boxes, imaginando que Souza estivesse "espionando" o trabalho dos mecânicos.
"Esse cara deve estar aplicando algum golpe. Já esteve nos boxes da McLaren", afirmou.
Acompanhado por outro segurança do autódromo, Teófilo pediu para falar com algum representante da equipe.
Até que um mecânico viesse para esclarecer a situação, Teófilo ameaçou expulsar Souza da área dos boxes.
"Esse cara é racista. Está querendo me tirar daqui só porque sou negro. Tem racismo contra sua própria cor", afirmou Souza.
O mecânico afirmou que não pretende seguir com a Lola pelo restante da temporada.
Ele diz que seu objetivo é conseguir melhores serviços no automobilismo nacional.
(FSx)

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