São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997
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É mais que justa a volta de Taffarel à seleção

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A diretoria tricolor nega que tenha tentado aliciar o técnico do Santos, Wanderley Luxemburgo, embora a notícia tenha corrido mundo.
Prefiro acreditar na palavra dos dirigentes do São Paulo. Caso contrário, teria de admitir que, além de golpear a ética por duas vezes numa só pancada, os cartolas do Morumbi perderam de vez o senso.
Sim, porque além de driblar a diretoria santista com um golpe de mão, estaria aplicando mais um trança-pé pelas costas em Muricy, punível com dois cartões vermelhos.
Será que não bastou a rasteira dada em Muricy, que resultou na desastrada passagem de Parreira pelo Morumbi, ainda outro dia?
Muricy, com um time de segunda, cumprira campanha de primeira. Quando vieram os reforços, entregaram o time de bandeja para Parreira. Foi uma tragédia. Isto é, quase foi. Salvou-o não o Rhum Creosotado, mas o próprio Muricy, que, na prática, provou ser a melhor alternativa.
Pronto: bastou para que o time fosse novamente atirado à opacidade que tolda o Morumbi nos últimos tempos.
Mesmo assim, aí está, líder de sua chave. Decididamente, não posso crer nessa notícia, sob pena de duvidar não só do caráter dos atuais dirigentes tricolores, como, sobretudo, de sua inteligência.
*
Prefiro acreditar, isso sim, nesse sonho de uma noite de outono: a vinda de Giovanni.
Axel, Válber, Giovanni e Denílson, já pensaram? Seria o melhor meio-campo do país, o balanço perfeito, com um emérito marcador, outro que, além de combater, arma, um terceiro, puro virtuosismo, e o quarto, bem, o quarto beira a perfeição.
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Não consigo desgrudar os olhos de "Ponta de Lança" (Ysayama Editora e Barcarola), que me caiu às mãos antes do seu lançamento, por deferência do próprio autor, Hélio de Alcântara, chefe de reportagem da TV Gazeta.
Trata-se de um lance autobiográfico, um episódio da vida do Helinho, lá pelos finais dos anos 70, quando ele resolveu largar promissora carreira de repórter esportivo para tentar a sorte como jogador de futebol na Califórnia (EUA).
Texto simples, reto, asséptico, bem-humorado, age como um bisturi, manejado com sensibilidade para revelar o íntimo de um jovem num instante de transformação.
Vale a pena.
*
E Zagallo, depois de resgatar Romário para a seleção, agora ressuscita Taffarel. Nada mais justo. Afinal, ninguém em seu juízo normal abriria mão de um goleiro que carrega na bagagem duas Copas do Mundo. Ainda mais se ele está em plena atividade, num clube grande brasileiro, como é o caso.
A imagem daquele Taffarel inseguro da Copa de 94, que ficou na memória da maioria, é falsa. Ou melhor, aquela era a imagem de um goleiro que ficara longo período sem jogar na Itália. E essa é uma posição que exige sequência de jogos para manter afiados nervos e reflexos.
Eis, pois, uma boa chance de revermos Taffarel. Se passar pelo teste, com ele, Zetti e Carlos Germano, podemos dormir sossegados.

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