São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
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Três cenas definem o show
INÁCIO ARAUJO
No primeiro, ainda na apresentação, o apresentador Billy Crystal pede ao ator-produtor Tom Cruise que lhe explique o "plot" de "Missão Impossível". Quer dizer: para os EUA, "Missão Impossível" -expelido já nas indicações- é incompreensível, mas "Jerry Maguire" ou "O Paciente Inglês" são compreensíveis. Já deu um frio na espinha. No segundo, Cuba Gooding Jr. ganha o Oscar de melhor ator coadjuvante, sobe para receber o prêmio, tem uma espécie de ataque histérico, não pára de falar. Na verdade, quem viu "Jerry Maguire" sabe que Gooding Jr. está apenas retomando seu personagem no filme: um jogador de futebol histérico até o insuportável, às voltas com um agente (Tom Cruise) também histérico. Gooding é um bom ator. O personagem, porém, era com certeza o pior de todos os indicados. Aí, já dá para pensar que a América está com água-de-coco na cabeça. O terceiro momento é bem característico do sadomasoquista Oscar. Lauren Bacall, indicada pela primeira vez ao prêmio (como atriz coadjuvante), hoje é uma instituição nacional. Tem sido atriz marcante desde 1944, quando estreou, até agora. De quebra, é a viúva Humphrey Bogart. Quando o prêmio foi anunciado para Juliette Binoche, houve duas expressões de pasmo na platéia: Bacall parecia estar levando uma punhalada; Binoche parecia estar sofrendo um desmaio. Na Globo, o Rubens Ewald perdeu o fôlego. Refeita, mas não tanto, Juliette sobe ao palco para expressar o tamanho de sua surpresa. Não tinha discurso preparado (aparentemente era franca) e só faltou entregar o prêmio a Lauren Bacall. A vitória de Binoche foi, em todo caso, a indicação da lavada que "O Paciente Inglês" daria a seguir. Seria completa, caso "Fargo" não tivesse levado dois prêmios (roteiro original e atriz): muita coisa para um azarão. Em todo caso, um resultado final coerente. Assim como "O Paciente Inglês" e "Fargo", Hollywood parece não ter muito a dizer. Texto Anterior: Madonna leva prêmio de consolo Próximo Texto: 'David Helfgott é inspiração', diz Rush Índice |
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