São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 1997 |
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Juiz da Espanha quer prisão de Galtieri
RODRIGO BERTOLOTTO
É a primeira vez que um tribunal estrangeiro determina a prisão de um ex-presidente argentino. Garzón acusa Galtieri de ser responsável pela morte de três espanhóis durante o último regime militar do país (1976-1983), período no qual desapareceram mais de 300 cidadãos espanhóis. São eles Victor Labrador e seus dois filhos, que moravam em Rosario. A prisão de Galtieri foi determinada após os depoimentos de familiares de Labrador e do então cônsul espanhol na cidade. Dessa forma, Galtieri poderá ser preso e levado a julgamento se deixar a Argentina. A Justiça espanhola precisa das declarações e da presença de Galtieri em seus tribunais para ditar sua sentença. Nessa exigência se diferencia da Justiça francesa, que condenou à prisão perpétua o capitão argentino Alfredo Astiz pelo assassinato de freiras francesas na Argentina. Anistia Presidente entre 1980 e 1982, Galtieri ordenou a invasão das ilhas Malvinas, há 15 anos, colocando o país em guerra com o Reino Unido. O fracasso no conflito acelerou sua saída da Casa Rosada. Atualmente, o ex-presidente de 70 anos vive em Villa Devoto, no subúrbio de Buenos Aires. Entre suas poucas atividades externas, estão os passeios com os netos e suas visitas diárias a seu escritório no bairro de Almagro, dirigindo ele próprio seu carro. Galtieri, como os outros presidentes do último período militar, esteve preso entre 1985 e 1989, ano em que o presidente Carlos Menem o anistiou. Todos foram considerados responsáveis pela campanha de detenção ilegal, tortura e assassinato, que resultou no desaparecimento de 30 mil pessoas. A ordem de detenção internacional de Galtieri aconteceu um dia após a data do 21ª aniversário do último golpe militar, quando um protesto na praça de Mayo acabou com nove feridos e 20 detidos. "A ordem foi enviada às autoridades argentinas e à Interpol (polícia internacional), para que se proceda sua detenção", disse o advogado Angel García Castillejo. Apesar do pedido espanhol, a Justiça argentina não deve tomar medidas para que Galtieri vá aos tribunais madrilenos, porque já lhe concedeu o perdão. Antes de chegar à Presidência, o general Galtieri foi comandante do Exército, instituição que esteve diretamente ligada à repressão. Texto Anterior: MRTA mantém importantes reféns há 98 dias Próximo Texto: Chinês nega influência sobre eleição nos EUA; EUA chamam de volta embaixador em Belarus; Rússia prende ex-KGB que ia vender segredos; Sarah Ferguson vai ter coluna semanal Índice |
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