São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Os negros dos EUA são o juízo final para o fut
MATINAS SUZUKI JR.
Não se pode dizer que ele é um sucesso retumbante. A Liga Profissional (eles dizem "pro") do nosso futebol, por aqui, está longe de ter a visibilidade que os outros tradicionais esportes daqui conseguem (notadamente o basquete, o futebol americano, o beisebol e hóquei sobre o gelo). A seleção americana, que disputa a qualificação para a Copa de 98, na França, também anda assim assim. No último domingo, ela perdeu em San José para a Costa Rica por 3 a 2. Se o "The New York Times" está certo (jornais erram no mundo todo), com o resultado México, Costa Rica e os EUA estão empatados com quatro pontos na liderança do grupo. Só que os EUA têm um jogo a mais do que as outras duas seleções rivais. Para piorar as coisas para o time local, seu próximo jogo pelas eliminatórias é justamente contra o principal rival, o México, lá em Foxboro, perto de Boston, que em 94 foi sede de jogos memoráveis da Copa da Mundo, entre eles as partidas da Argentina e da Itália contra a seleção da Nigéria. Não é nenhum estouro, mas já é muita coisa para um esporte pouco assistido pelas elites dominantes no país -público alvo do jornal de maior prestígio no mundo. Na verdade, o futebol não precisa ser um estouro na imensa praça esportiva americana para que ele se solidifique como o grande evento do próximo século. Basta que ele tenha uma presença regular no maior mercado do mundo. Já seria o suficiente para se ter um pé aqui nesta terra onde os esportes que despertam as maiores paixões são quase que exclusivamente nacionais. * O "Times" diz que a seleção americana sofreu uma pressão tão forte, antes do início do jogo em San José, que os próprios jogadores locais foram obrigados a acalmar a torcida. O futebol materializa o sentimento antiimperialista das populações dos países mais pobres do continente. Nesse caso, não deixa de ser uma ironia. Afinal, o futebol só pôde crescer nos EUA por que um grande contingente de emigrados desses países mais pobres reside aqui. * Desconfio que um dos grandes obstáculos para o fortalecimento do futebol, aqui nos EUA, são os negros. Ao contrário do Brasil e da Colômbia, por exemplo, onde os negros foram fundamentais para o desenvolvimento do futebol, a cabeça da etnia nos EUA está basicamente voltada para os outros esportes. Grande parte da cultura americana hoje vem sendo gestada pelos negros. Eles dão a tendência da moda, do comportamento, da música etc. Convertidos ao futebol, seriam a arma do juízo final para esse esporte no mundo. Texto Anterior: Indy modifica as regras para bandeira amarela; Mecânico arruma novo emprego na Arrows; Grupo musical irlandês faz visita a Interlagos; Bilheterias ainda têm 4.000 ingressos do GP; Equipe Minardi corre a pé por todo o circuito; Som da arquibancada combate rock na pista Próximo Texto: Anteontem Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |