São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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EUA intervêm na crise árabe-israelense

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os EUA decidiram intervir na crise diplomática no Oriente Médio e enviar um negociador para um encontro com o líder palestino, Iasser Arafat, em Marrocos.
Dennis Ross está levando mensagens do presidente Bill Clinton a Arafat e ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, com quem deve se reunir em seguida, em Israel. Ross deve voltar a Washington ainda esta semana e relatar os encontros a Clinton, que se disse "preocupado" com a crise.
O processo de paz entrou em crise quando Israel decidiu construir 6.500 casas em Jerusalém oriental, área reivindicada pelos palestinos. A situação piorou na semana passada, quando um suicida palestino cometeu um atentado em Tel Aviv, matando três mulheres.
Ontem houve novos choques na Cisjordânia -eles têm sido diários. Desta vez, 33 palestinos ficaram feridos em Ramallah e Belém quando soldados israelenses dispararam balas de borracha para conter protestos contra a construção do novo assentamento.
A nova colônia judaica também contribuiu para que Israel recebesse uma condenação na Comissão de Direitos Humanos da ONU, reunida em Genebra, Suíça.
Por 25 votos a favor, 1 contra e 23 abstenções, os países membros da comissão aprovaram texto relativo à "violação dos direitos humanos nos territórios árabes ocupados, incluindo a Palestina".
Além do assentamento, o documento cita também a construção de um túnel sob a mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, que causou uma onda de violência na região, no ano passado.
A condenação é parte do esforço diplomático árabe nas Nações Unidas: a repreensão foi proposta por 13 países árabes, mais Cuba, China e Indonésia. O documento cita ainda medidas legais contra palestinos em Jerusalém e a prática de tortura.
O voto contra foi dado pelos EUA, que nas últimas semanas já usou seu poder de veto no Conselho de Segurança para evitar uma moção contra Israel.
Apesar da pressão internacional, o governo israelense negou ontem que Netanyahu estude a criação de um governo de união nacional, com participação trabalhista, para encerrar a crise, como especulou a imprensa do país.
Encontro em Marrocos
O envio de Dennis Ross é uma tentativa dos Estados Unidos de reavivar o processo de paz do qual o país é patrocinador.
Ele vai se encontrar com Arafat em Marrocos porque o palestino participa de uma reunião da comissão Al Quds (o nome árabe de Jerusalém), em Rabat, hoje.
O grupo árabe vai criar uma estratégia comum contra a "judaização" de Jerusalém, cidade reivindicada pelos palestinos como capital de um eventual Estado seu.
Em seu esforço diplomático, Arafat enviou pela Internet uma mensagem de Páscoa ao papa João Paulo 2º. "Santidade, percebo que este é um meio inusual de comunicação entre chefes de Estado, mas nas atuais dramáticas circunstâncias em que se encontra minha nação faço um apelo de otimismo e tento esculpir Jerusalém na mente de todos", diz Arafat no e-mail.

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